Carreiro havia publicado vídeo nas redes sociais brincando sobre a roupa hospitalar e informando que faria a cirurgia no coração e passaria alguns dias fora das redes sociais. "Pode ficar tranquilo, que já deu tudo certo", disse (Foto/Divulgação)
A morte precoce do cantor sertanejo João Carreiro despertou na população a preocupação em cuidar da saúde cardíaca.
O cantor tinha um prolapso na válvula mitral, ou seja, um alargamento da válvula. A válvula mitral atua como uma válvula de retenção, fechando-se por meio de duas estruturas chamadas cúspides, anterior e posterior. Essas estruturas funcionam como portas que se abrem e fecham durante o ciclo cardíaco; quando há o prolapso, uma parte dessas estruturas ultrapassa o ponto de fechamento, permitindo o retorno do sangue e originando o prolapso na válvula.
De acordo com o cardiologista Raelson Batista, este não é um problema tão infrequente; é mais comum em mulheres e normalmente assintomático.
“Comumente o problema é achado acidentalmente, em consultas de rotina; quando homens são acometidos pela doença, aí sim apresenta sintomas e leva ao caso de precisar fazer algum procedimento na válvula”, explica.
Segundo Raelson, nas mulheres, quando o problema cardíaco é diagnosticado, costuma ser precocemente ou quando ela começa atividades físicas e apresenta sintomas como cansaço fácil, arritmia e apagões.
“Geralmente é uma doença benigna que se acompanha ao longo do tempo. No caso de ser necessário a realização de cirurgias, é importante frisar que é um procedimento delicado, complexo de ser feito, mas é seguro. As cirurgias cardíacas são seguras; temos a história de pioneirismo nisso no Brasil”, explicou.
Um fator complicador para as cirurgias, segundo Raelson, e que pode ter acontecido com o cantor, é a ocorrência de infecções que ao evoluir causam morte.
“A situação das UTIs principalmente, quase 60% da sua ocupação, é motivada por casos de infecções generalizadas. Isso chama a atenção de duas coisas: a automedicação por antibióticos, quando usa antibióticos sem cuidado aumenta a chance de gerar bactérias resistentes a vários tipos de antibióticos e, segundo, diante de situações que têm sido tratadas e no caso de febre não ceder, tem que haver retorno para avaliação ou se tem quadro infeccioso, procurar um especialista o quanto antes”, ponderou.