FINADOS

“Não existe uma receita quando se trata de ser humano”, afirma a psicóloga sobre o luto

Rafaella Massa
Publicado em 02/11/2023 às 12:08
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Luto (Foto/Reprodução)

Uma tradição milenar, o dia 2 de novembro tem como principal objetivo honrar a memória daqueles que já se foram e, de acordo com a Igreja Católica, orar por suas almas. No entanto, para aqueles que ficam, resta uma porção de sentimentos complexos de lidar e que, caso não tratados da maneira correta, podem levar à depressão. Trata-se do luto.

A lacuna deixada na vida das pessoas com a morte, a saudade, o sentimento de perda, a ausência, essas são somente algumas das impressões que o luto pode trazer a amigos e familiares. Se despedir de alguém querido não é fácil, mas homenagear sua passagem pela Terra é essencial, conforme a psicóloga Vera Dias.

“A vida tem um ritual para tudo, para o nascimento, o ritual de batismo, tem o casamento, e a morte também tem os seus rituais, os rituais fúnebres. Então, quando nós vamos a um velório, tanto para consolar a família, como para nos despedir de quem está indo, é um tipo de homenagem. Quando você vai a uma missa de sétimo dia, de um mês, de um ano, ou a um culto, ou uma visita ao túmulo. E a prova dessa necessidade, nós podemos obter quando a gente recorda de como foi o tempo da pandemia do Covid, em que essas homenagens, pelo menos as mais próximas à morte, não podiam ser prestadas”, explica Vera.

No entanto, a especialista alerta que é preciso ter bom senso e discernimento no momento de prestar esta homenagem. “Por exemplo, tem pessoas que elas praticamente transformam a casa num santuário, quando uma pessoa morre, com as suas fotos, com seus pertences, fazem tipo um altar para a pessoa. Isso aí, aos meus olhos, poderia ser considerado um exagero, porque não é isso que mede o amor que se tinha pela pessoa”, analisa.

Ainda, Vera conta que cada pessoa irá reagir de uma maneira tanto em relação ao luto, quanto em relação a dias como o de Finados. Por isso, não existe uma receita de bolo para passar por esse momento de forma menos dolorosa e mais leve. Porém, rever a forma como se enxerga a morte é o primeiro passo para aliviar o sofrimento.

“Se nós conseguíssemos, ou o dia que a humanidade conseguir, ser grata pelo que viveu com a pessoa, as experiências que ela teve junto, o tempo que viveu conjuntamente, o amor que teve pela pessoa, ser mais grata por isso, do que focar no fato de que essa pessoa não existe mais em termos físicos, mas que na nossa memória e no nosso coração ela continuará existindo sempre, isso torna o Dia de Finados mais leve”, reforça.

Vera afirma que a vida continua após a perda de alguém e, aqueles que ainda estão vivos permaneceram com suas necessidades, seja de carinho, de afeto, companhia e até mesmo de conquistar seu espaço no mundo. Por isso, a ação de ressignificar a vida e mudar sua realidade após a perda vem como uma consequência.

“Ninguém sai de um luto sem modificar alguma coisa, sem modificar os seus conceitos, sem revisar sua vida, porque é um aprendizado. Quando a gente pensa que já sabia tudo, vem um golpe como a perda de alguém significativo e o que acontece? Nós temos que aprender. Viver com a falta daquela pessoa. E ressignificar a vida significa isso. Há autores que dizem até da possibilidade de um crescimento pós-traumático, ou seja, passado o trauma da perda, a pessoa se torna outra”, finaliza.

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