SAÚDE

Não vacinados em UTIs de Minas geram custo de R$ 1 mi por dia ao SUS

Publicado em 05/02/2022 às 08:52Atualizado em 19/12/2022 às 00:10
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As vacinas contra a Covid estão disponíveis nos postos de saúde de todos os municípios mineiros, mas cerca de 15% da população elegível (com mais de 5 anos) ainda não recebeu nenhuma dose. A decisão de não se imunizar traz consequências individuais, mas também um impacto coletivo. Em apenas um dia, o Sistema Único de Saúde vai ter que desembolsar quase um milhão de reais para bancar a internação em terapia intensiva de pessoas que não foram imunizadas em Minas. Quem paga a conta é toda a sociedade.

Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), ontem havia 885 internados em UTI Covid em Minas Gerais. Considerando que 70% deles não foram imunizados (a partir de uma média levantada a partir de informações da secretaria) e o valor de R$ 1.600 para diária do leito, em apenas um dia a rede pública está arcando com R$ 990.400 para atender a pacientes que não receberam vacinas e estão no CTI. Os valores podem ser ainda maiores conforme a necessidade de cada paciente por procedimentos, como hemodiálise.

Ainda há os custos com as internações em enfermaria. Ontem havia 2.385 leitos clínicos ocupados por pacientes com Covid na rede SUS em Minas. Considerando uma porcentagem conservadora de 70% de não vacinados entre os atendidos e um custo médio de R$ 1.500 por tratamento, a rede pública vai ter de desembolsar mais de R$ 2,5 milhões com esses pacientes não imunizados.

Claro que nesta conta estão crianças que ainda não puderam ser imunizadas. Dados divulgados pela SES-MG referentes ao dia 19 de janeiro indicam que 2,17% dos não vacinados internados por Covid têm idade de 0 a 10 anos. Por outro lado, 58% dos internados sem imunização estão com mais de 51 anos e poderiam, até, já ter recebido a dose de reforço.

Professor do Departamento de Medicina Preventiva da UFMG, Geraldo Cunha Cury explica que a escolha individual por não se vacinar traz consequências que vão além dos custos. “Quem não se vacina coloca as outras pessoas em risco e colabora para uma maior transmissão do vírus, podendo criar novas variantes”, diz o infectologista, lembrando que as internações numerosas afetam a qualidade de vida dos profissionais de saúde, já exaustos.

Para ele, mais do que adquirir vacinas, o poder público deveria investir na ampliação da imunização, com campanhas direcionadas a quem ainda não recebeu nenhuma dose. “Certamente, se o poder público investisse em vacinação como deveria, não estaríamos tendo o problema de agora nas internações. Proporcionalmente, o Brasil é um dos países com maior número de mortes por Covid e ficou claro que devemos investir na prevenção. Mas o governo federal chegou a criar dificuldade até para a vacinação infantil, o que não faz o menor sentido”.

De acordo com dados da SES-MG, a taxa de internação em UTI por Covid é de 8,2 casos a cada 100 mil habitantes entre não imunizados. Para aqueles com esquema vacinal completo, a taxa é de 0,63. Ou seja, quem não se vacinou tem 13 vezes mais chance de precisar de terapia intensiva para tratar a doença.

Readequação nos municípios

Gestores de saúde por todo o país têm se desdobrado para garantir uma maior taxa de imunização possível entre munícipes, pois sabem que melhores indicadores resultam em menos internações por Covid. Em Contagem, por exemplo, foram feitos diversos tipos de mutirões temáticos – de festa junina e rolezinho a super-heróis, que estarão presentes na vacinação infantil realizada hoje em três endereços.

“Já existe uma necessidade por UTI clínica e a demanda é maior do que a disponibilidade de leitos. Quando se amplia o número de leitos para uma doença prevenível, como a Covid, é claro que que provoca uma readequação dentro do município e ampliação de gastos em equipamentos de saúde”, explica o secretário de Saúde de Contagem, Fabrício Simões.

O gestor reforça que, nos momentos de pico de Covid, o sistema de saúde não consegue dar atenção devida a outras doenças. “Costumo dizer que os efeitos da pandemia vão se perdurar por anos, especialmente porque se formou uma fila muito grande de cirurgias eletivas”. 

*Com informações de: O Tempo 

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