Campanha Nacional contra o Sarampo de 2022, iniciou no começo do mês e é voltada para crianças de seis meses a cinco anos. A meta da campanha é alcançar 95% da população nessa faixa etária.
Em 2021, nenhum estado brasileiro atingiu a meta de vacinação infantil contra sarampo, que é de 95% das crianças. Quando olhamos para os mais de 5.500 municípios, só 660 (cerca de 12%) alcançaram essa taxa no ano passado.
Os indicadores de imunização também são preocupantes. A vacinação contra o sarampo é feita em duas doses, junto com rubéola e coqueluche. Em 2021, de cada três crianças brasileiras que tomaram a primeira dose do imunizante, uma não voltou para completar o esquema vacinal.
O levantamento é do VAX*SIM, projeto que cruza grandes bases de dados para investigar o papel das mídias sociais, do Programa Bolsa-Família e do acesso à Atenção Primária em Saúde na cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos.
“O Brasil tem um programa nacional de imunização estruturado, que serve de referência para o mundo inteiro. A vacinação infantil é uma das ações mais importantes para prevenir mortes evitáveis de crianças de até 5 anos, com um excelente custo-benefício. É inaceitável que tenhamos que lamentar mortes por uma doença para a qual há vacina disponível de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) há décadas”, afirma Patricia de Moraes Mello Boccolini, coordenadora do VAX*SIM e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em 2020, o Brasil registrou o recorde de 10 mortes de crianças menores de 5 anos por sarampo. É o maior número das últimas duas décadas. Entre 2018 e 2021, 26 crianças nessa faixa etária morreram pela doença, um retrocesso em um país que entre 2000 e 2017 havia registrado uma morte, no ano de 2013.
“Mortes infantis por sarampo podem ser evitadas com uma estratégia simples e consolidada no SUS: a vacinação. Uma única morte nesse contexto pode ser considerada uma tragédia”, aponta Patrícia.
O número de hospitalizações por sarampo também disparou nos últimos anos. Entre 2018 e 2021, 1.606 crianças foram hospitalizadas com a doença no Brasil. Nos quatro anos anteriores, entre 2014 e 2017, o país havia registrado um total de 137 hospitalizações infantis por sarampo.
Em 2016, o Brasil recebeu da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) o certificado de país livre de sarampo. Três anos depois, em 2019, o status foi retirado após a confirmação de um caso endêmico da doença no Pará.
Em Uberaba, a vacinação contra o sarampo no público infantil começou em abril. A medida segue a determinação do Estado, que enviou uma nota técnica antecipando o início da aplicação no público infantil, já realizando a aplicação junto ao público de trabalhadores da saúde. A vacinação está sendo realizada em todas as Unidades Básicas de Saúde do município.
No Estado de Minas Gerais, a Campanha Nacional de Seguimento contra o Sarampo tem como objetivo vacinar indiscriminadamente contra a doença os trabalhadores da saúde e as crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias.
A campanha de vacinação contra o sarampo acontecerá até o dia 3 de junho. As doses de rotina da vacina tríplice viral (D1 e D2) que coincidirem com o período da campanha de seguimento deverão ser reagendadas para 30 dias após a dose da campanha. Vale reforçar que mesmo que a criança já tenha tomado a vacina contra o sarampo é necessário que ela busque a Unidade de Saúde e tome a dose da campanha.