JANEIRO BRANCO

Quebrando os tabus sobre terapia

Rafaella Massa
Publicado em 22/01/2023 às 15:34
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Segundo Mollo, uma das formas de desmistificar a psicoterapia é quebrando os tabus e entendendo qual é o papel do psicólogo e o papel do psiquiatra (Foto/Reprodução)

Segundo Mollo, uma das formas de desmistificar a psicoterapia é quebrando os tabus e entendendo qual é o papel do psicólogo e o papel do psiquiatra (Foto/Reprodução)

Apesar de ganhar cada vez mais espaço na sociedade através de campanhas como o Janeiro Branco, a terapia ainda é um tabu na sociedade. Há quem pense que é “coisa de doido”. E olhando para trás, é possível explicar essas opiniões, que são baseadas em um contexto sócio-histórico-cultural. Como explica o psicólogo Cristiano Mollo, em um passado recente tinha-se a associação da saúde mental atrelada com a loucura, aos manicômios e hospitais psiquiátricos. No entanto, é possível reverter esse quadro.

Segundo Mollo, uma das formas de desmistificar a psicoterapia é quebrando os tabus e entendendo qual é o papel do psicólogo e o papel do psiquiatra. “O psicólogo não trata somente dos transtornos. O psicólogo também ajuda a gente a se sentir melhor, a melhorar o sono, ter menos medo, menos procrastinação. Tudo isso está dentro de um processo psicológico”, afirma.

Como o psicólogo explica, existem diversas vertentes de terapia, de forma que o paciente pode escolher a que se adaptar melhor. “O terapeuta tem todo um preparo, uma escuta qualificada. Ele consegue te ouvir muito mais, olhar para suas questões do presente passado e futuro e consegue te dar intervenções baseadas na ciência. Existem vários profissionais e existem várias abordagens, todas elas com comprovação científica”, explica.

Outro ponto que pode causar “estranheza” à terapia é a forma como ela modifica as pessoas. Quando aquele parente, amigo, ou companheiro passa a fazer terapia e muda alguns comportamentos e hábitos, pode haver um choque inicial das pessoas ao redor. E esse choque pode causar uma má impressão. Porém, essa mudança é na verdade a imposição de limite, como explica Mollo.

“Quando uma pessoa começa a fazer terapia, ela aprende a impor limites, ela aprende a dizer não, ela aprende a olhar para suas necessidades também. E muitas vezes as pessoas vem para terapia dando fundo para o outro e quando a gente começa a impor limites, aquela pessoa que convive muitas vezes pensa ‘você está mudando para pior’. Não que ela esteja mudando para pior. É que a terapia realmente está fazendo efeito”, conta

E nesses casos, Cristiano explica que disseminar o conhecimento sobre a terapia através de campanhas e divulgação nas mídias é de grande importância para quebrar paradigmas. "Às vezes as pessoas me perguntam como convencer alguém a procurar ajuda. Eu sempre digo que é como se fosse um casamento. Ninguém chega do nada para o outro e fala ‘Vamos casar comigo?’. É sempre sobre proximidade e intimidade”, diz Mollo.

O psicólogo ainda reforça que o principal papel da terapia é estimular as pessoas a viverem uma vida com sentido. “Essa é a grande questão. Muitas pessoas neste exato momento   estão vivendo uma vida sem sentido. E como encontrar o sentido para nossas vidas no meio de tantas perdas, problemas e desafios? Está aí o grande papel da terapia e do psicólogo, que pode te ajudar a encontrar o sentido para sua vida”, finaliza.

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