Estudo realizado na Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto e apresentado no Congresso Brasileiro de Pesquisa Odontológica por uberabense revela que tratamento precoce de crianças que sofrem de problemas respiratórios e desenvolvem sérias alterações de formação proporciona mais chances de melhora. A odontopediatra Sara Medina Mattar avaliou o crescimento da face e arcadas de mais de 70 crianças entre 3 e 6 anos, após remoção cirúrgica das amígdalas e adenoide, glândulas que, deficientes, levam à respiração pela boca. “É importante preservar a respiração pelo nariz. Quando ocorre algum tipo de obstrução nasal e a criança passa a respirar principalmente pela boca, observa-se, com o tempo, alterações no crescimento do esqueleto facial, das arcadas dentárias, desequilíbrio na postura do corpo, mudanças no comportamento, dificuldade de concentração, entre outros”, explica. Segundo ela, as crianças sofriam problemas respiratórios severos e apresentavam alterações de dentes e face. Os maiores prejuízos da obstrução respiratória no desenvolvimento do crânio, face e dentes ocorrem na idade da troca de dentição, aproximadamente aos 6 anos, e atingem seu ápice na puberdade. “Mesmo que o padrão respiratório se normalize, torna-se difícil conseguir correção ortodôntica espontânea”. Após a cirurgia, considerada até então pouco recomendável para crianças ainda em formação, a respiração tornou-se nasal. “E durante o acompanhamento por mais de dois anos, verificamos que o crescimento dos ossos e alterações musculares se normalizaram quando comparados com crianças sem problemas respiratórios da mesma idade”, destaca Sara. Com a equipe médica da USP, ela considerou outro aspect a idade em que a desobstrução da respiração deve ser realizada para promover modificações mais favoráveis no crescimento facial, posição da mandíbula e no desenvolvimento da oclusão. “Neste estudo, foi efetuada por volta dos 3 a 4 anos, com resultados excelentes, resgatando o padrão de crescimento normal para esses pacientes respiradores bucais submetidos à cirurgia”. Sara explica que algumas crianças têm maior predisposição genética e anatômica para desenvolver a respiração bucal. “Associada ao uso de chupeta, sucção de dedo e obstrução frequente da respiração nasal, as consequências nas arcadas dentárias são potencializadas. Torna-se evidente a necessidade de cuidados com crianças desde muito jovens em relação à respiração bucal, evitando maiores complicações no fechamento dentário”, conclui.