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Rosto de cortisol? Saiba como o estresse pode afetar o rosto e o corpo

Embora uma trend no TikTok culpe o cortisol por alterações na aparência, estar estressado pode liberar muitos outros hormônios

O Tempo/Jéssica Malta
Publicado em 09/09/2024 às 14:10
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Um estudo apontou que 70% da população ativa brasileira já havia apresentado ou tinha sintomas de estresse (Foto/Getty Images/iStockphoto)

Rostos arredondados são comparados com faces mais magras e com maxilares demarcados em vídeos que supostamente mostram os efeitos do excesso de cortisol, o “hormônio do estresse”, no rosto de mulheres ao redor do mundo. Acompanhadas da hashtag #cortisolface, essas imagens virais têm sugerido que o inchaço facial de muitas pessoas seria causado pela quantidade do hormônio no corpo e, portanto, pelo estresse. 

Embora os níveis altos de cortisol possam realmente afetar o formato do rosto, tornando-o mais arredondado, esse sintoma mais acentuado é fruto de uma condição patológica grave, não se aplicando a níveis ligeiramente elevados do hormônio que ocorrem em resposta ao estresse que enfrentamos no cotidiano. É isso o que explica a médica e PhD em endocrinologia pela USP e metabologista Elaine Dias JK. 

Segundo a médica, essa alteração no rosto, conhecida também como “face em lua cheia”, acontece em uma condição médica denominada síndrome de Cushing, que é resultado da hipercortisolemia, ou seja, do excesso de cortisol. “O que está sendo visto nessa trend são meninas normais, jovens, que claramente não têm hipercortisolismo crônico, mas que vivem uma vida desregrada, têm uma alimentação muito processada ou podem estar em privação do sono, consumindo bebidas alcoólicas, e ter outros fatores que contribuem para que elas fiquem mais inchadas”, observa ela, advertindo que é importante compreender que, nesses casos, o cortisol não é o único vilão.

Ainda que as imagens banalizem uma condição que é complexa, a médica explica que é possível, sim, que o estresse – e não apenas a presença do cortisol – cause alterações no rosto, no corpo e também no comportamento das pessoas. “O estresse aumenta também outros tipos de hormônios. A pessoa pode ficar mais irritada, porque o estresse leva ao nosso corpo a informação de que estamos em um momento de fuga ou luta, como se estivéssemos nos preparando para uma guerra, um ambiente em que pode haver privação de comida, algo sério. Nossa genética ainda é dos antigos, ela não entende que o nosso estresse pode ser causado por algo no trabalho, então são produzidos vários hormônios que vão nos deixar mais ativos e que, consequentemente, podem causar insônia. É possível que a fome aumente e que as pessoas passem a comer mais doces e carboidratos, além de ter a retenção de líquido aumentada, causando inchaço, mas não como algo que é ligado somente ao cortisol”, pontua. 

A psiquiatra Cintia Braga acrescenta ainda que o estresse, quando crônico, também pode gerar tensões musculares nos ombros e na face. “O tensionamento excessivo de algumas áreas faciais pode resultar em linhas de expressão mais profundas, como rugas na testa, ao redor dos olhos e na região entre as sobrancelhas. A postura também pode ser afetada, levando a uma aparência mais fechada e encolhida”, explica. 

O estresse também pode causar alterações na pele. De acordo com o biomédico esteta Thiago Martins, é possível que haja aumento nos quadros de acne, agravamento de condições como psoríase e dermatite atópica, além de queda de cabelo. “Ele também pode contribuir para uma aparência mais envelhecida, devido ao aumento de radicais livres, que aceleram o processo de envelhecimento da pele. Além disso, o estresse pode comprometer a qualidade do sono, o que afeta diretamente a saúde da pele, levando a um aspecto cansado e olheiras mais acentuadas”, acrescenta.

Estresse afeta a maioria da população brasileira

Um estudo feito em 2017 pelo International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR) apontou que 70% da população ativa já havia apresentado ou tinha sintomas de estresse. Ainda que ficar estressado seja uma reação natural do organismo diante de situações de perigo ou ameaça, é importante ter atenção quanto à frequência e a intensidade do estresse, já que, nesses casos, pode se tornar um problema para a saúde. 

Segundo a endocrinologista e metabologista Elaine Dias JK, se há um impacto no sono e na convivência com outras pessoas ou prejuízo no trabalho, pode ser necessário buscar ajuda. “Se a pessoa anda mais irritada, mais intolerante, se não anda conseguindo conviver direito, está exagerando nos doces, nos carboidratos, é bom procurar uma terapia”, orienta. 

Ela pontua que algumas atitudes também podem ser tomadas para diminuir os efeitos do estresse, como melhorar a hidratação, descansar e buscar uma vida mais saudável. “Eu brinco que é preciso desempacotar menos e descascar mais, ou seja, comer mais frutas e verduras e menos produtos industrializados. A prática de atividade física também ajuda muito contra o estresse e a ansiedade. Além disso, é importante fazer a higiene do sono, deixar de usar telas uma hora antes de ir para a cama, optar por coisas mais naturais, chás de melissa, de camomila. Se isso não ajudar, o médico pode ser mesmo necessário”, afirma. 

A psiquiatra Cintia Braga reforça o coro, ressaltando que mudanças de hábito são fundamentais para diminuir os efeitos do estresse. “A psicoterapia também é muito bem-vinda. Em outros casos, geralmente mais graves, em que há um processo de adoecimento decorrente dessa exposição prolongada ao estresse, medicações psiquiátricas também podem ser utilizadas”.

Fonte: O Tempo

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