Carla Deliberato, fonoaudióloga com experiência em casos de seletividade alimentar, mostra a relevância da interferência parental na alimentação das crianças
Alimentação infantil (Foto/Divulgação)
"Meu filho é chato para comer". Se você nunca ouviu essa frase, com certeza conhece alguém que já falou algo parecido. É comum que as crianças manifestem certa estranheza em relação a certos alimentos quando são pequenas. A textura e o cheiro, por exemplo, costumam influenciar muito as caras feias dos pequenos na hora das refeições.
Estudos realizados pelo Cenda mostram que de 3 a 5 mães, a cada 10, afirmam que seus filhos têm ou tiveram problemas significativos com alimentação. "A seletividade alimentar é algo natural nas crianças e há várias razões para isso, sendo a participação dos pais certamente uma delas", explica Carla Deliberato, fonoaudióloga especialista em motricidade oral e com experiência em casos de recusa e seletividade alimentar.
Muitas pessoas acreditam no achismo transmitido de geração em geração, segundo o qual a seletividade alimentar e a recusa por determinados alimentos por parte das crianças é apenas uma fase passageira. No entanto, essa não é uma verdade absoluta como pode parecer, e os responsáveis pelas crianças precisam dedicar tempo e atenção ao momento das refeições.
Devido à correria do dia a dia, os pais podem negligenciar o momento de comer com os filhos. Durante o desenvolvimento do paladar da criança, tudo o que ela experimenta é novidade, e é extremamente importante introduzir alimentos saudáveis para as crianças, mesmo que elas façam birra e recusem-se a comer.
"É necessário apresentar a refeição pelo menos 12 vezes, oferecendo o mesmo ingrediente preparado de formas diferentes para ter certeza de que a criança realmente não gosta", comenta a especialista.
Cada vez mais vemos crianças com acesso a tablets, computadores e celulares. Às vezes, o erro dos pais é acreditar que as telas são uma alternativa, uma ótima opção para entreter as crianças durante as refeições, mas essa prática pode ser prejudicial.
"Quando a criança está diante de uma tela, toda a sua concentração está voltada para o que está vendo e ouvindo, quando na verdade deveria estar focada totalmente nos alimentos que está consumindo", ressalta a fonoaudióloga.
"Evite se estressar quando seu filho se recusar a experimentar novos alimentos. Tente apresentá-los de maneira criativa e divertida, como cortá-los em formatos engraçados ou envolver seu filho no processo de cozimento. Seja paciente e continue oferecendo novos alimentos ao longo do tempo", conclui Carla.