SAÚDE

UFMG trabalha na criação de teste capaz de detectar o coronavírus

Desde o fim de 2019, quando teve início, a epidemia do novo coronavírus se expandiu para além da China

Publicado em 05/02/2020 às 18:28Atualizado em 18/12/2022 às 04:04
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Especialistas mineiros visam encontrar modos de otimizar o diagnóstico do coronavírus. O projeto é pauta de especialistas em estudos de biotecnologia. A iniciativa parte da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fiocruz-Minas e Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec).

Desde o fim de 2019, quando teve início, a epidemia do novo coronavírus se expandiu para além da China. Até o momento, são 490 mortes confirmadas e mais de 20 mil pessoas infectadas. A fim de frear esse avanço tão rápido, em uma situação que foi considerada como emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), começa uma corrida para desenvolver formas de detecção, tratamento e vacinas em relação à contaminação pelo micro-organismo.

Professor e pesquisador do departamento de microbiologia da UFMG, Flávio da Fonseca é um dos coordenadores do estudo para o desenvolvimento do teste. "Obviamente esse é um teste novo, já que é um problema novo. É um projeto ainda em fase inicial, de desenho. Começamos o trabalho há duas semanas. O teste de eficácia dos exames deve ser feito em quatro meses. Esse tempo depende de amostras de pessoas infectadas, o que ainda não há no Brasil, então não tem como testar", esclarece.

O CT Vacinas é um órgão vinculado à UFMG que tem o objetivo de gerar testes diagnósticos e vacinas contra doenças infecciosas, fazendo a ligação entre o conhecimento gerado em laboratório na universidade e a iniciativa privada, que produz os kits diagnósticos para diferentes doenças.

Também está agendada para a próxima segunda-feira reunião entre um grupo de pesquisadores e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com o objetivo de discutir meios e ações frente ao problema, e também em possíveis novas epidemias virais.

Na reunião com o ministério, serão discutidas ações a serem adotadas pela ciência brasileira frente ao desafio do coronavírus. Mas bem antes disso a comunidade científica do país já vem dialogando sobre ações emergenciais que podem contribuir com a contenção do vírus.

A vacina também deve estar na lista da reunião, porém, como explica Flávio, é consensual entre os virologistas brasileiros que ainda não é tempo de desenvolvê-la por aqui, já que não se sabe o comportamento do coronavírus. "Para tanto, é preciso ter certeza sobre o problema. Ainda não há indícios de que o coronavírus vai se espalhar pelo mundo. É por enquanto um momento de incertezas e uma questão com muitas lacunas", pontua. Na programação do encontro, o pesquisador espera ainda que o ministério se disponha a oferecer aportes financeiros para fomentar pesquisas sobre o coronavírus no Brasil.

No grupo de trabalho, são cerca de 25 integrantes, entre estudantes e professores. O norte da atuação é a realização de exames moleculares e sorológicos capazes de identificar o agente patológico. Um dos processos parte da análise de secreção pulmonar ou sangue, que torna possível atestar a presença do RNA do vírus no corpo. "O teste sorológico detecta anticorpos no organismo, é indicado para aplicação em massa e pode ser implementado em condições epidêmicas. O exame molecular, por outro lado, demanda uma infraestrtura laboratorial mais complicada e profissionais treinados, portanto sua aplicação é mais restrita", explica Flávio da Fonseca. Nos dois casos, o resultado demora em torno de seis horas.

No CT Vacinas, o alicerce do procedimento parte do código genético do coronavírus, considerando a descoberta publicada por especialistas da China em janeiro. O instituto está fabricando em laboratório frações do vírus, o que é fundamental para a eficácia dos exames para seu reconhecimento no organismo.

Esse é um momento inicial, e a postura sobre como agir daqui para frente depende dos rumos futuros do coronavírus pelo mundo. "Ainda não sabemos se o problema vai se tornar uma pandemia ou não. Definimos esse sistema de diagnóstico porque o importante é estar preparado caso o vírus chegue ao Brasil", diz o pesquisador.

"Já vivi problemas como esses em relação a outros tipos de coronavírus, e tenho uma percepção pragmática. Não se transformaram em pandemias e a minha impressão sobre o novo coronavírus é que caminha pelo mesmo tipo de desfecho. Acho que é uma infecção que será contida e com o tempo desaparecerá", finaliza Flávio da Fonseca.

*Com informações Estado de Minas 

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