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UFTM avança em projeto pioneiro de identificação precoce de escoliose em Uberaba

Rafaella Massa
Publicado em 03/04/2023 às 09:00Atualizado em 03/04/2023 às 09:00
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Princípio de escoliose (Foto/ITC Vertebral)

Projeto de mestrado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) com a atuação na saúde da coluna de crianças é programa pioneiro em Uberaba. Com o diagnóstico precoce da Escoliose Idiopática e encaminhamento para tratamento, de forma gratuita, a equipe diminuiu o índice de cirurgias por causa da doença em adolescentes entre 13 e 16 anos. 

Iniciado em 2020, o projeto foi idealizado pelo Professor Dernival Bertoncello, do Departamento de Fisioterapia Aplicada da UFTM, e o ortopedista Anderson Dias. Segundo Anderson, o estudo foi o tema de seu mestrado e foi contemplado pelo CNPq. “Eu estava assistindo aula com o pessoal da educação e um professor apresentou um edital aberto de CNPq em que um dos itens era uma linha de pesquisa relacionada com escoliose. E essa é uma área de atuação minha, que eu tenho muito interesse. Eu levei essa ideia para o professor Dernival, que topou”, explica.

Ainda conforme Dias, o projeto se baseou na inexistência de um estudo epidemiológico de escoliose, no Triângulo Mineiro. A execução foi realizada em dois distritos educacionais de Uberaba. “Na época, nós fizemos em uma escola apenas, depois expandimos para mais uma escola e a gente fez um levantamento das meninas de faixa etária de 13 a 15 anos e fizemos a busca ativa de escoliose nessas pacientes”, afirma.

A partir da identificação, as jovens foram encaminhadas para o Laboratório de Análise de Movimento da UFTM e então iniciou-se o tratamento da doença de forma precoce, de acordo com o indicado para cada caso. “Essa deformidade na coluna, se a gente não faz a detecção precoce, vai se acentuando até que chegue um ponto em que a cirurgia é necessária. E essa cirurgia, além de ser muito cara, é muito invasiva. Remete ao adolescente a ficar muito tempo parado e pode ter sequelas”, analisa o ortopedista Dernival Bertoncelo. 

A segunda fase do projeto foi identificar como o estudo poderia atuar de maneira mais precoce para identificar a possibilidade de escoliose sem a presença da equipe. A solução foi a qualificação de professores e profissionais da área da saúde para identificarem os sinais de escoliose. “Inclusive, a gente fez um estudo antes disso para saber o quanto eles conheciam de escoliose e isso gerou uma produção científica”, complementa Dias. 

O projeto multicêntrico continua como tese de mestrado de um outro ortopedista, que fez a capacitação dos professores. Os dados de Uberaba devem ser analisados junto aos de Belo Horizonte e Salvador para fins de comparação e medição. “Nós convidamos um serviço de Belo Horizonte, inclusive, onde o presidente da Sociedade Brasileira de Coluna é o chefe, e convidamos também um colega ortopedista de Salvador para poder fazer esse estudo. Vamos comparar e confrontar os dados dessas três cidades, duas cidades maiores e uma cidade mediana, que é Uberaba”, informa Anderson. 

Os profissionais ainda explicam que a ideia é, a partir disso, criar um fluxo para que essas crianças tenham a oportunidade de ter o diagnóstico de escoliose e o tratamento. Entre os planos, está o objetivo de criar um Projeto de Lei para a criação de um espaço para o tratamento precoce de pacientes, além de implementar a identificação da doença ao sistema educacional. 

Bertoncello complementa informando que as análises em estudantes da rede municipal devem voltar a acontecer ainda neste semestre. Oficialmente, o projeto terminou porque era um edital com financiamento para três anos. “Como deram os três anos agora, ele [o projeto] termina. Prestamos contas, mas queremos dar continuidade, seja em outro edital ou sem edital mesmo, a gente continua isso, inclusive, nas outras cidades. Aqui em Uberaba, são três distritos educacionais, nós fizemos as análises de representatividade em dois distritos, então, queremos fazer no terceiro. A gente já começa a fazer as avaliações ainda neste semestre, a partir de maio, junho a gente vai recomeçar”, revela.

Em relação aos dados da doença, Dias conta que Uberaba está na média dos estudos nacionais. Ou seja, em torno de 3,8% da população estudada. “Foram incluídos no estudo 249 alunos do sexto e sétimo ano do ensino fundamental. Nove estudantes foram diagnosticados com escoliose (3,6%) e encaminhados ao ambulatório Maria da Glória para seguimento”, finaliza.

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