SAÚDE

Vacina contra a dengue pode estar disponível no SUS em 2024; entenda

Farmacêutica Takeda diz que tem cinco dias para responder como será a incorporação do imunizante no sistema de saúde público

O Tempo
Publicado em 16/11/2023 às 10:14
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A vacina Qdenga é aprovada para uso contra a dengue no Brasil (Foto/Divulgação/Takeda)

A vacina Qdenga (Takeda Pharma), aprovada para uso contra a dengue no Brasil, em breve poderá estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A informação foi confirmada pela diretora-executiva da Takeda no Brasil, Vivian Kiran Lee, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (14/11).

“Recebemos ontem (13/11) um ofício da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e temos cinco dias úteis para respondê-lo. Estamos comprometidos em promover o acesso da vacina ao SUS. Por isso, estamos trabalhando de perto com o Governo para fazer isso o mais rápido possível. A expectativa é que até o início de 2024 haja um acordo."

Segundo a diretora, a Takeda garante a capacidade de suprir a demanda necessária para os grupos prioritários que propuseram à Conitec. “Estamos aguardando mais discussões e negociações para definir como seria esse fornecimento ano a ano. Mas, o volume da nossa proposta é um dos maiores de vacinação inicial incluído no programa de vacinação.”

O Brasil é o país que lidera o ranking de casos de dengue no mundo. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, no ano passado, o país teve aproximadamente 1,4 milhão de ocorrências, com 1.016 óbitos. A tendência é que esses números sejam superados em 2023, uma vez que faltando ainda seis semanas para o final do ano, já foram registrados 1,6 milhão de casos e 1.000 mortes. 

Uma das alternativas apontadas por especialistas para conter a epidemia, é a vacinação. “Precisamos de ações mais práticas no sentido de diminuir o vetor. Por exemplo, de um lado, a vacina, do outro lado, a biotecnologia pode ajudar com isso. O que o país precisa mesmo é investir mais na prevenção, na educação e na biotecnologia,” aponta a infectologista do Instituto Emílio Ribas, Rosana Richtmann. 

Pesquisa 

Durante a coletiva de imprensa, foram abordados dados de uma pesquisa realizada pela Ipsos. O estudo mostrou que 67% dos brasileiros lembraram da dengue quando questionados sobre quais surtos de doenças são recorrentes no Brasil. Esse resultado de 2023 revelou que o índice foi muito superior aos 39% registrados na primeira edição do estudo, em novembro de 2021. 

O levantamento evidenciou ainda outros dados - listados no fim da reportagem - que demonstram maior conhecimento da população a respeito da patologia. No entanto, os números de casos da doença não param de subir e colocam regiões do Brasil em situação de alerta. 

Em Minas Gerais, o ano de 2023 já é considerado um ano de epidemia da dengue. Entre o mês de janeiro e o dia 6 de novembro de 2023, o estado registrou 181 mortes decorrentes da dengue - 18 por mês - com 288.522 casos confirmados, média de 949 por dia. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o estado caminha para registrar dois anos consecutivos de epidemia.

Para além da região Sudeste, que historicamente sempre apresentou os maiores índices de casos e de mortes do país, as autoridades de saúde se preocupam agora com a alta incidência no Sul do país. “Isso é uma novidade da epidemia, porque anteriormente o Nordeste, Sudeste e Centro Oeste eram as regiões com predominância da dengue,” afirma Alberto Chebabo. 

A dengue

O vírus da dengue é dividido em quatro sorotipos, o que significa que uma pessoa pode ter a doença quatro vezes na vida, segundo a infectologista Rosana Richtmann. “Tem gente que pensa que pegou o vírus uma vez, não pegará mais. O que não é verdade. Inclusive, o segundo diagnóstico tem um potencial de gravidade ainda maior,” explica. 

Veja outros dados da pesquisa: 

  • 99% da população sabe o que é a dengue
  • 69% conhece alguém que já teve a doença
  • 23% teve dengue duas vezes
  • 70% mudou algo em casa ou algum hábito após ter a doença
  • 93% acha que a dengue pode levar a morte
  • 73% sabe que o mosquito é o transmissor
  • 36% percebe que a dengue vem aumentando
  • 69% diz não deixar água parada para evitar o contágio da doença

Nota 

Um dia após a coletiva de imprensa, a Takeda divulgou uma nota de esclarecimento reforçando que “está comprometida e empenhada em priorizar que os brasileiros tenham acesso à vacina, mas que o imunizante não estará disponível para a população brasileira no início do ano. 

Veja a nota na íntegra: 

A biofarmacêutica Takeda esclarece que está otimista e espera uma decisão favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) sobre a submissão do dossiê que visa incluir a vacina contra a dengue, QDENGA® no Sistema Único de Saúde (SUS).  De acordo com o fluxo de incorporação de tecnologia, a Comissão tem 180 dias, podendo ser prorrogada por mais 90 dias, assim, a avaliação do colegiado deve ser concluída em janeiro de 2024, prazo prorrogável até abril 
de 2024.

Essa afirmação foi feita em 14 de novembro, pela diretora médica da Takeda Brasil, Vivian Lee, durante a coletiva de imprensa “Dengue: o impacto da doença no Brasil”, cuja gravação está disponível na internet.

A empresa ressalta que em nenhum momento afirmou que a vacina QDENGA estará disponível para a população brasileira no início do ano, diferentemente do que foi publicado por alguns veículos de notícias, já que a aprovação na CONITEC não significa o fornecimento imediato da vacina, visto que o processo ainda passa por outras instâncias de aprovação do Ministério da Saúde. 

A Takeda reitera que está comprometida e empenhada em priorizar que os brasileiros tenham acesso à vacina e se mantém à disposição do Ministério da Saúde para negociar e avaliar o melhor modelo de vacinação contra a dengue com a nossa vacina QDENGA®, que tem o potencial de ser um pilar importante na estratégia de combate à doença.

Fonte: O Tempo

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