Secretário de saúde considera os imunizantes como esperança para evitar novas epidemias e prevê conscientizar a população sobre a importância
Vacina contra a dengue (Foto/Rogério Vidmantas)
As primeiras vacinas contra a dengue chegam em Minas Gerais nesta quinta-feira (22 de fevereiro). Os imunizantes serão repassados pelo Ministério da Saúde. No entanto, não há uma previsão da quantidade de doses que serão enviadas para o Estado.
O secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, vê nas vacinas da dengue a esperança para um cenário mais brando contra as doenças provocadas pelo Aedes aegypti. A falta de produção em larga escala, entretanto, dificulta a proximidade dessa melhora. Baccheretti também considera um desafio as correntes antivacinas, e a necessidade do poder público combater as fake news (notícias falsas), que propagam que os imunizantes podem causar doenças.
O secretário afirmou a O TEMPO que a produção ainda é inicial e que o crescimento ocorrerá de forma paulatina. “Hoje a indústria japonesa da vacina aprovada pela Anvisa não consegue produzir mais de 10 milhões de doses para o Brasil anualmente. Com duas doses, apenas 5 milhões de brasileiros serão imunizados, este ano cerca de 3 milhões. Mas com a vacina do Butantan, com dose única, 20 milhões por ano serão imunizados. Vai ser certamente aquilo que vai nos dar maior tranquilidade”, disse.
Baccheretti associa as vacinas à biofábrica que produz Aedes aegypti capazes de mudar o ecossistema para um mosquito que não consegue transmitir a doença. Os cuidados mais básicos, por exemplo, também são importantes, como a prevenção dentro de casa. Esse é o ponto, também, que o secretário chamou a atenção, já que, apesar de todo o esforço de conscientização, o efeito visto não tem sido o esperado. “A dengue, como um todo, está nos afligindo há 40 anos, com vários anos epidêmicos. É uma falha nossa como sociedade, é uma doença vinculada a países tropicais e os focos estão dentro de casa", disse.
O secretário avalia ser necessário uma maior sensibilização da população para que o enfrentamento a dengue se torne um hábito. "Por mais que a gente fale com a população, que os focos estão dentro de casa, a gente precisa pensar como sensibilizar cada cidadão do Brasil da importância do cuidado de casa. A forma que estamos fazendo há tanto tempo não tem surtido efeito. Não é uma prevenção vinculada à prestação de serviço público, é muito mais um cuidado pessoal, que é um saco plástico dentro da sua casa e pode proliferar os focos desse mosquito”, frisou.
Alguns locais que antes não sofriam tanto com a doença, também passaram a registrar um aumento de arboviroses, como o Rio Grande do Sul, muito por conta das mudanças climáticas.
Papel da sociedade
Durante entrevista a O TEMPO, o secretário cobrou um maior protagonismo da sociedade para o combate à dengue. Ela pondera que apesar da atuação de gestores públicos ser importante em muitos casos, como garantir acesso à vacina e a tratamento oncológico, por exemplo, no caso das arboviroses o “papel do cidadão talvez seja mais importante que do gestor”.
“Temos que achar um caminho no decorrer desse processo para que a gente traga o protagonismo do cidadão no seu dia a dia no combate às arboviroses. É uma doença que está aí há 40 anos, não podemos deixar ela dominar o nosso dia a dia, como vem dominando neste ano”, pontuou.
Fonte: O Tempo