Na década de 40, o Brasil conviveu com a terrível praga da saúva. Não havia quilômetro quadrado de terra sem formigueiro. Trabalhadeiras incansáveis, as formigas devastavam florestas, lavouras, jardins públicos e particulares... Os formigueiros, verdadeiras montanhas de terra, eram ligados por túneis engenhosamente traçados pelas formigas.
Nessa época, o Ministério da Agricultura adotou o lema criado pelo naturalista francês Saint-Hilaire: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil!” Felizmente, governo e povo se uniram e deram conta do recad o país venceu a guerra contra as saúvas e hoje elas apenas cumprem seu importante papel ecológico.
Agora o desafio é outro. Estamos em guerra contra a dengue. Todos nós temos que colaborar no combate ao Aedes aegypti – inseto que transmite a doença. Qualquer pouquinho de água limpa e parada é prato cheio para a fêmea colocar os ovos que, em pouco tempo, oferecerão, de graça, o mosquito assassino.
Parodiando a campanha contra a saúva, a propaganda do governo na mídia alerta: “Dengue: ou a gente acaba com ela, ou ela acaba com a gente!” Enquanto o lema original, que falava das saúvas, tinha um gostinho de hipérbole (exagero), o que se fala sobre a dengue não tem nada de exagero, pois a doença, de fato, mata. Como a vacina ainda não está disponível no mercado, o remédio é prevenir, eliminando qualquer possível habitat do mosquito transmissor.
Já que a moda é parodiar o primeiro lema quando se trata de problemas endêmicos, concomitantemente à batalha que agora travamos, o povo poderia lançar a campanha “Corrupçã ou o Brasil acaba com ela, ou ela acaba com o Brasil”. O povo já conhece a própria força. Que o novo lema o leve às ruas e torne a Pátria um lugar onde se possa viver decentemente - livre da saúva, da dengue e da corrupção.