ARTICULISTAS

Sem um céu para chegar

Em alguns momentos me vem certa saudade

Manoel Therezo
Publicado em 12/04/2014 às 20:06Atualizado em 19/12/2022 às 08:14
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Em alguns momentos me vem certa saudade de quando noutros tempos, cedinho já estava pronto para ir ao trabalho. E, com que disposição e alegria eu ficava por lá até bem tarde da noite. Não sabendo agora ao certo se do trabalho ou se da mocidade que me vem àquela saudade, estou ora para uma coisa, ora para outra, como Ismália enlouquecida e indecisa, ora estava para a lua do céu, ora para a lua do mar, nas rimas do poeta: “Quando Ismália enlouqueceu,/ pôs se na torre a chorar./Queria a lua do céu,/queria a lua do mar./ E no desvairo seu,/ lançou-se para voar./ Sua alma subiu ao céu,/ seu corpo desceu ao mar”. Com os dias e noites se passando, lá se vai à vida. Ouvimos por tantas vezes, que se está fazendo aquilo para passar o tempo. Roga-se depois ao Senhor, uma vida longa. Claro que não fui diferente. Também fiz coisas para passar o tempo e roguei também, uma vida longa. Assim me vem acontecendo. Até não precisava tanto, mas quanto me tem ensinado. Com esse aprendizado, para alguns momentos que ainda me vem à lembrança, hoje me comportaria diferente e com grande cortesia. O viver é justamente para essas corrigendas e essas, corrigendas constituem o fundamento do nosso melhoramento. Quanta realidade do viver, o poeta desconhecido bem a descreve numa beleza sem par: “Quando partimos no vigor dos anos. / pela estrada da vida florescente,/ as Esperanças vão conosco à frente,/ e para trás, ficam os Desenganos./Rindo, cantando céleres ufanos,/ vamos marchando descuidosamente./Eis que a velhice surge de repente,/ desfazendo ilusões e matando enganos. / Só assim é que vemos claramente,/como a vida é rápida, fugaz,/ e que tudo agora, ocorre exatamente,/ ao contrário da vida de rapaz:/ Os desenganos vão conosco à frente/ e, as Esperanças vão ficando a trás.” Da vida, não fossem específicas e sérias leituras, muito pouco ou mesmo nada dela se saberia. Outras científicas informações, também nos dão conta de que organismos em seus primeiros estágios de unicelulares viveram sim, há milhões e milhões de séculos — e, quem sabe então, muitos daqueles, você, eu e todos nós, hoje “Somos Eles” pululando ainda na busca do evoluir? Se de fato assim se passou, há quantos milhões de séculos partimos daquele longínquo começo? E, o que de espantoso nos veio acontecer, que passamos de unicelulares para a criatura humana multicelulada? Esse acontecimento de transformação nos diz muito de uma admirável e primorosa obra criadora. Na conjectura de sermos aqueles unicelulares, como seriamos agora, se maravilhosos mistérios do céu não houvessem apagados em nós, aqueles traços dos organismos de milhões e milhões de séculos passados? Se tal não nos tivesse acontecido, estaríamos ainda e por certo, involuídos, esperando por outros milhões e milhões de séculos, até que fossemos pelo Criador, brindados com a beleza do viver. Se por mísera sorte nada nos houvesse acontecido, ainda seríamos aqueles unicelulares de milhões de séculos, esquecidos, sem importância, sem alma e sem um céu para chegar.

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