Os milagres que Jesus realizava impressionavam muito as pessoas de seu tempo. Entre eles podemos citar a multiplicação dos pães, saciando a vida de inúmeras pessoas. Até lançavam perguntas para saber quem era aquele homem que realizava tantos prodígios. A dimensão de divindade não estava no entendimento do povo, que caminhava confuso e incomodado com tais realidades.
A desigualdade, a pobreza, os privilégios e a violência que ceifa tantos inocentes hoje incomodam muito. Os sinais disso estão por todos os lados, atingindo pobres e ricos. Necessitamos de sinais de vida e de paz para construir um mundo diferente, utópico, mas com marcas de esperança e segurança. O grande sinal é o respeito para com os valores que eternizam a dignidade humana.
O que tem acontecido alhures nos diversos países deve preocupar as novas gerações. Temos o caso da Nicarágua com sinais de arbitrariedade, ceifando a vida de tantas pessoas em pleno terceiro milênio. Revela a atitude de um governo que não consegue dialogar diante de críticas ao seu modo de governar. Usa da força e mata as pessoas de forma indiscriminada. É sinal que incomoda.
A multiplicação dos pães era sinal da divindade de Jesus, mas isso não foi percebido por aqueles que com Ele estavam. Para quem passava fome, o importante era que conseguissem ser saciados. Não viram aí um sinal de Deus, de quem no deserto saciou o povo faminto com o maná que veio do céu. Tudo isso é sinal de que Deus acompanha a vida de seu povo, tanto do passado como de hoje.
Os brasileiros vivem incomodados com a política e com os políticos. Não conseguem entender a importância que os dois têm para a condução e a vida do país. A decepção é muito grande, pois chegam a dizer que “nenhum político presta”. Não é bem verdade e quanto mais dizem ser “apolíticos”, mais contribuem com a ascensão dos irresponsáveis que revelam sinais que preocupam.
Muitas coisas incomodam as pessoas de bom senso. Basta ver as marcas negativas da história, as desigualdades sociais, o cinturão de pobreza tão grande num país com tanta riqueza como o Brasil. Jesus hoje seria certamente um incomodado vendo tanta injustiça e privilégios na sociedade. Sua palavra seria profética, denunciando os arranjos das forças de comando da atualidade.
(*) Arcebispo de Uberaba