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Sinal de Vida

As celebrações da Semana Santa, na história da Igreja, têm como objetivo preparar os cristãos

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 18/04/2019 às 19:23Atualizado em 17/12/2022 às 20:04
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As celebrações da Semana Santa, na história da Igreja, têm como objetivo preparar os cristãos para valorizar a riqueza da ressurreição e o sentido cristão da Páscoa do Senhor. A Páscoa é um ponto de chegada, mas também o começo de uma nova dimensão de vida centrada na Pessoa de Jesus Cristo ressuscitado. Ele partilha com as pessoas a vida e lhes dá sentido para enfrentar os problemas. 

A fé, como dom de Deus, vem da ressurreição. Ela é sinal de vida e habilita as pessoas para não cair no desânimo e nem na doença do século, a depressão. Acreditar em Deus significa abertura para o encontro e o relacionamento com o outro. Foi o que aconteceu com os apóstolos depois da ressurreição. Eles tiveram força e coragem para enfrentar o difícil trabalho missionário do tempo.

Na Paixão de Cristo existem muitos sinais de vida. Temos o sepulcro vazio, os panos dobrados, a ação de Maria Madalena, a presença de Pedro e João, etc. Tudo tem sentido para quem se abriu para o contexto da fé. A ação de Deus na terra acontece através de sinais. Cristo foi o maior deles, porque Ele se apresenta como Homem-Deus, sintetizando em si o sentido dos demais sinais.

Dois verbos, ver e crer, são significativos no entendimento da fé. Para quem consegue vivenciar os ensinamentos de Palavra de Deus, acredita sem precisar ver. Para os descrentes, como Natanael, Jesus diz: “Vem e vê” (Jo 1,46). Além da Sagrada Escritura e do testemunho dos apóstolos, a fé no Cristo ressuscitado supõe prática de amor, do reconhecimento de que Deus é misericordioso.

Podemos dizer que ter fé madura, sem preconceitos, é sinal de vida. Quanto a isso, o Papa Francisco, na Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate”, fala da santidade que vem da fé, mas que pode ser prejudicada por duas ideologias do início do cristianismo, mas presentes de forma sutil nos dias de hoje, o gnosticismo e o pelagianismo, que não valorizam Cristo como principal fonte de fé.

A ressurreição é vida, aqui e agora, intimidade com Cristo e preocupação com as coisas do alto (cf. Col 3,2), mais do que com realidades apenas terrenas. Não significa alienação e nem intimismo, mas abertura para um estilo de vida pautado no testemunho de ação como fermento, sal e luz na prática cristã. Isso envolve a comunidade e expressa o sentido de família e de relacionamentos.

(*) Arcebispo de Uberaba

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