Preocupado com a evangelização e a ecologia integral, em 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco convocou o Sínodo da Amazônia, ficando a data definida para 6 a 27 de outubro de 2019. É um Sínodo da Igreja, convidando as pessoas para um processo de conversão, vinculando a pastoral e a ecologia. É uma tarefa difícil, que atinge vários países, de fronteiras e de esquecidos.
A Amazônia legal é também lugar de possibilidades. É por isto que está sendo realizado esse Sínodo Especial, para repensar a evangelização, para saber interpretar as necessidades e a forma da Igreja atuar ali, com o auxílio da Palavra de Deus. No passado, essa tarefa era assumida pelas Congregações Religiosas. Mas, pela falta de vocações, isso não acontece mais, a não ser em poucos lugares.
No segundo livro dos Reis aparece a história de Naamã (II Rs 5,14-17), que ficou curado ao se banhar nas águas do rio Jordão. Além da cura física, Naamã passou por um processo de conversão, aquilo que é fundamental num processo de evangelização. O Sínodo da Amazônia tem este objetiv refletir sobre a cura das pessoas pouco acolhidas e provocar seu caminho de conversão.
O alcance da Palavra de Deus supõe muita reflexão. Não é uma palavra fechada em si mesma, mas ela passa pela ação concreta dos missionários, no encontro com o espaço e com as pessoas que devem ser evangelizadas. Na Laudato Si o Papa Francisco mostra esses dois aspectos que estão sendo trabalhados nas reflexões do Sínodo, inclusive com a participação de evangelizadores evangélicos.
Pela extensão do território, o Brasil vive duas realidades bem definidas: o sul tem a marca do progresso, mas também é cheio de problemas, que afetam a dignidade de grande parte de sua população; a região Norte, que em grande parte, influenciada pelo desenvolvimento do sul, com riquezas naturais, mas também com o estigma da pobreza e do descarte. Isso preocupa os evangelizadores.
Existem preconceitos em relação a esse Sínodo, mas a Igreja está sempre aberta ao diálogo e para encontrar caminhos que ajudem os povos da Amazônia. É realmente um mundo ainda “sem lei”, com ingerência de exploradores, sem controle dos originários da floresta. A intenção do Papa Francisco é discutir caminhos que levem o povo a testemunhar a fé e a viver sua dignidade como povo de Deus.
(*) Arcebispo de Uberaba