ARTICULISTAS

Situações convergentes

Bateu as mãos nos bolsos da calça e não encontrou. Revirou o bolso da camisa e nada também

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 01/03/2011 às 19:50Atualizado em 20/12/2022 às 01:25
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Bateu as mãos nos bolsos da calça e não encontrou. Revirou o bolso da camisa e nada também. Deu uma freada brusca, encostou o carro na rodovia e o desnudou por dentro.  Procurou até desistir do que procurava. Depois, se sentiu órfão, abandonado, solto na solidão daquele momento, os sentimentos o carcomeram naquele instante. Ir à frente o distanciaria, ainda mais, do que havia deixado para trás, portanto, preferiu ficar ali, assim, olhando o mundo com os olhos de retrovisor. “Nunca pensara em perdê-lo...” Aonde o deixei? Uma pergunta sem respostas possíveis. Não se perde, assim, o que se quer sempre ao lado, mesmo que seja no silencioso quando o quer esgoelado. Abraçado aos sentimentos ficou um pouco mais, ali, parado. Voltar seria a busca inútil.

Em defesa desejável pedira-se que os galhos fossem agitados demonstrando a presença daquelas que lhes retiram a seiva. Porém, o agitar de folhas veio acompanhado de urros e berros criando um substrato de ações entre galhos e braços, zumbidos e vozes. As abelhinhas saíram em voo para a outra árvore. Enquanto os ecologistas debatiam o que seriam delas com o desvio do leito do rio. “Essa represa matará as nossas abelhinhas”.  Ao lado, o matuto ouvia a conversa dos ecologistas, até que foi chamado a opinar. O senhor não pensa o mesmo que nós? Até que do mesmo jeito não. A minha preocupação não é com as abelhas, porque quando a água bater nas suas bundinhas elas voarão, mas com o tatu, coitado, com aquelas perninhas pequenininhas não sei o que  farão. 

Como você consegue estudar ouvindo música? Para mim é impossível estudar assim. Na minha época estudar era em silêncio, sozinho e não havia tantas parafernálias pedagógicas. Agora vocês estudam em grupo, conversam durante os estudos, ouvem música, duvido que o rendimento escolar esteja à altura do mínimo necessário. Quando éramos mais jovens; disse o pai olhando para o filho, as matérias exatas eram precedidas de tabuada, não existia computador para pesquisas... O filho retirou dos ouvidos o fone e disse ao pai: A sua juventude era movida a válvula, a nossa a chip.

Seguiu viagem sem o seu telefone celular acreditando que estava sozinho no mundo, que alguém tentaria falar com ele e ficaria sem resposta. Perderia a namorada por falta de comunicação, o emprego.... Ao chegar ao destino percebeu que nada havia mudado, nem ele. As abelhinhas voaram e os tatus foram esquecidos; ninguém os ama tanto como se ama uma abelhinha, mas por causa de seu mel. O pai boquiaberto preferiu o sorriso ao debate infrutífero de quem tem a razão educacional ou quem define o estilo de estudar.

Ninguém deixou de curtir o feriado de carnaval, por não gostar de carnaval. Nem de acompanhar a derrota das ditaduras no Oriente, com gostinho de quero isso em Cuba.

 

(*) professor

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