Nestes últimos dias, tenho a impressão que as duas palavras mais faladas e, consequentemente, ouvidas no Brasil foram Corinthians e corintianos.
As cores preto e branco invadiram nossos olhos. O grito de guerra do Corinthians, os nossos ouvidos. As notícias do time, a nossa TV.
Tenho pensado muito na declaração dos que se dizem loucos pelo Corinthians e se assumem como parte de um bando de loucos...
As atitudes estão aí para comprovar as declarações. Uns pedem demissão do serviço para irem assistir aos jogos. Outros declaram em rede nacional que iriam até a Argentina, independente de quais fossem as sanções impostas por sua empresa. Jornalistas são demitidos por falarem mal do Corinthians.
Dizem que quando o Corinthians perde um jogo, no dia seguinte há um sem número de faltas ao trabalho para evitar as gozações próprias da situação.
Homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens e idosos irmanam-se na paixão pelo referido time.
Da tristeza à euforia, do riso às lágrimas, passa-se num segundo dependendo do desempenho do timão.
E consumo, muito consumo para “divulgar” a marca. Todos se tornam garotos e garotas propaganda por meio de um sem número de camisetas, bonés, chaveiros, canecas, almofadas, bandeiras, toalhas, colchas, etc. etc.
Torcidas organizadas ou não, às vezes em arroubos que mais me parecem um surto, agridem e matam por nada quem atravessar seu caminho nas idas e vindas ao estádio.
Como pode se explicar tamanha paixão? Que buraco vazio o amor pelo Corinthians tem preenchido no coração do povo brasileiro?
Seria a falta de algum outro tipo de liderança a ser respeitada ou de alguma outra causa pela qual lutar ou se entusiasmar?
Tantas perguntas pode fazer parecer que eu tenha algo contra esse time específico, mas isso não é verdade. O que olho atravessado mesmo é para a paixão com jeito de fanatismo. Seja ele por um time, uma religião ou a um partido político. Penso que os rótulos só servem para dividir a raça humana, para separar “os que são dos nossos” daqueles que não são...
Eu, particularmente, prefiro investir em tudo aquilo que pode se constituir em ponte, por onde se possa transitar livremente daqui pra lá e de lá pra cá!
Falando em partido político, não posso deixar de pensar na lambança – desculpem-me a expressão, mas não encontro outra – que estamos assistindo em nossa cidade nesse período de tantas in/definições.
Nesse andar da carruagem, o que será de nós nos próximos anos?