Nós todos estamos vivendo atualmente um mundo diferente. É claro que isto vale apenas para os que já estão com alta quilometragem existencial, ou seja, viveram um tempo suficiente
Nós todos estamos vivendo atualmente um mundo diferente. É claro que isto vale apenas para os que já estão com alta quilometragem existencial, ou seja, viveram um tempo suficiente para comparar passado e presente. A juventude, esta idade maravilhosa, não tem a nossa experiência – vai simplesmente rolando a vida conforme suas próprias regras. Como diferença das vidas e existências anteriores esta juventude do meu pai falou, minha mãe proibiu... isto não existe mais. Vai daí que a sociedade atual é dividida em camadas de idade: velhos, maduros e jovens. A velharia, que cada vez aumenta mais – estamos vivendo muito! – fica vivendo o passado e lamentando o presente. Frase comum: ah, se fosse no meu tempo! Uma bobeira, aqueles tempos não voltam mais... e quem fica nesta saudade boba vai apenas ver a novela, ou o futebol, e dormir cedo. Já a turma do meio vive a luta diária pela sobrevivência, sustentar a casa e família, buscar um emprego melhor, minha filha quer estudar na universidade, não dá pra trocar meu carro velho, mulher prega um botão na minha braguilha, marido conserta o cano da pia, bem fez a Nacinha que trocou o marido inútil e bêbado por um funcionário da Câmara... a troca diária e permanente das banalidades existenciais, os anos vão escorrendo, com eles a esperança dourada, ali na frente uma porta aberta para a velhice, terceiro tempo do jogo. Agora, mais jovem e em outros tempos, agita-se a mocidade. Enquanto a velhice perdeu, passou e nem mais tem sonhos, enquanto a turma do trabalho luta e pena para ter sonhos e sobrevivência, a juventude pura e simplesmente quer viver a sua vida. No antigamente estas três classes tinham laços e entrelaços que as mantinham ligadas. Hoje, e cada dia mais, elas vão se distanciando. Velhos vivem o resto de suas vidas, a turma do meio luta pela vida, e a mocidade apenas goza a vida. Das três, a classe mocidade será mais duradoura e preocupante. Não tendo ou não obedecendo regras e ordens, arriscam seu futuro em que agora não pensam, e muitos chegarão sem alicerce de qualquer espécie. Penso que este é o risco a classe do meio deve repensar. Deixar esta juventude de rédea solta é gelada. Não será fácil, mas será importante deixar alguma coisa de sua vida para cuidar das vidas que trouxeram ao mundo. Besteira a atitude irresponsável que prega: ah, isto é assim mesmo, é juventude, passa, depois eles todos caem na real... Era, meu amigo, era assim no passado. Os resultados atuais desta libertação estão por aí, nas violências urbanas, destruição de vidas, vícios de toda espécie... e a droga, a DROGA, meu caro. Penso e agradeço a Deus ter a minha própria família, todos tão diferentes entre si, todos porém tão unidos entre si, e eu com eles. Não sou nem posso dar lições para esta sociologia familiar, onde penso que está a semente da felicidade. Meu extinto e sábio amigo – dr. Ferreira – disse-me certa vez: João, se te pedirem conselho, não dê. Se ele insistir, NÃO DÊ. Agora, se não puder escapar, for um grande e necessitado amigo... diga assim: não dou conselho, mas dou-lhe uma opinião... Isto, meu caro, é porque conselho, se der errado, você será o eterno culpado. E se der certo, nem vão lembrar que você foi o autor. Agora, opinião... eu já dei!
(*) médico e pecuarista