Não foi comigo, nem no meu tempo - mas quem me contou foram os meus pais
Não foi comigo, nem no meu tempo - mas quem me contou foram os meus pais, e ainda tem gente viva que se lembra. No acabar da primeira Grande Guerra o mundo foi agredido por uma epidemia de uma peste dita bubônica - propagada pelos ratos - que se espalhou até os países fora da guerra - entre eles o Brasil. Morreu tanta gente que os enterros eram feitos por grupos, em massa, coisa parecida com o dos judeus, já no tempo mais recente de Hitler - estes vocês viram no cinema. Mais grave, e pior, se possível: não existiam vacinas nem remédios contra a peste maligna. Adoeceu, morreu, e havia pressa em enterrar os mortos por medo de contaminarem os vivos. As relações entre os vivos ficaram de desconfiança, aquele medo de se contaminar sem aviso e sem misericórdia. Teve gente que fugiu das cidades para roças e lugares distantes - o medo comandou o espetáculo, milhões morreram pelo mundo afora. Um único benefício nasceu: a pobre medicina daquela época descobriu que a doença era contagiosa e exigia que se separassem os sadios dos doentes, às vezes com tristeza de uma mesma família. Estas primeiras medidas sanitárias foram essenciais na evolução da Cruz Vermelha, na medicina sanitária de grupo e para pessoas contaminadas. A praga, depois e finalmente, ensinou muita coisa para a humanidade ainda nascente e ignorante. Ponto final! Peraí, Zé Fernando, a crônica está curta, não acabou. Você - e eu de imitação, estamos lendo jornais, vendo televisão em suas notícias políticas, porque ali adiante vão acontecer eleições. O assunto está em início, o chá ainda não chegou à fervura... mas, já tem gente queimando o assento, dele ou do adversári a peste bubônica eleitoral vem aí. Pessoalmente vou precisar de sua opinião, Zé. Estou desorientado, como tem tanta gente boa, maravilhosa e generosa, com vontade de abandonar sua profissão, serviço e grana que tinha escondida - para se dedicar ao bem do povo sofredor e ignorante! Sim, porque todos são honestos e sinceros, serão a salvação da pátria. A política não tem parentesco com a peste bubônica, que contei desprevenido e peço desculpas. Uma pena o Dino estar doente - iríamos pescar na lagoa da Emendada, como ele recomendava em todas as eleições! Aliás, traíras são abundantes no Carnaval!