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Somos todos bipolares

Nestes feriados, dona Zenilda nossa grande amiga

Manoel Therezo
Publicado em 26/04/2014 às 19:58Atualizado em 19/12/2022 às 08:03
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Nestes feriados, dona Zenilda nossa grande amiga residente em um sítio, veio nos visitar. Senhora simples, mãe de um casal de filhos já bem crescidos e demais delicados. Assim que chegou, com seu costumeiro sorriso, logo nos foi dizendo que a visita seria rápida, mas acabou não sendo e nós achamos muito bom. Depois de tantos assuntos, com percebível tristeza, acabou por nos dizer que seu filho já de algum tempo, vem apresentando um comportamento que tem entristecido a ela e ao seu esposo. Exposto o comportamento, se calou chorosa. Logo percebemos que falava de uma criatura “Bipolar”. Após enxugar as lágrimas e nos voltar a sua atenção, eu lhe disse para conforta-la, que conhecia algumas criaturas que também apresentavam momento igual ao de seu filho, mas que seria bom que ouvissem o parecer de um médico especialista. Diante de sua atenção, lhe falei que se tem denominado de “Bipolar”, a criatura que apresenta aquele quadro. Como à senhora sabe, “Bipolar” é denominação que se dá a tudo que tenha dois lados, dois momentos. O seu menino dona Zenilda, pelo seu exposto, tem dois momentos; um alegre e outro de tristeza. Hoje, essa denominação “Bipolar”, também está sendo empregada para se fazer referência a esse estado de alma que, num súbito instante uma contagiante alegria se descamba para uma inexplicável melancolia.  Quando assim nessa tristeza, o belo lhe deixa de ser belo, o claro passa a ser escuro e tudo mais se transforma na criatura “Bipolar.” Nele, o coração por dentro e a alma tristonha, a nada desejam ouvir ou falar sequer. É ele agora, um alguém plenamente vencido. Cabeça pesada se debruça sobre o peito. Olhos cerrados e os ouvidos surdos lhes são os únicos companheiros.  Espera paciente que a nuvem negra se disperse para que o sol radiante do seu outro lado, acorde afagando sereno, aquela criatura “Bipolar.” A ciência médica especializada, dona Zenilda, confiante nos recursos dos fármacos, tem buscado adentrar esse misterioso momento e encontrar o esperançoso lenitivo—mas, até aqui parece que para a alma sombria do “Bipolar,” o silêncio e a tristeza profunda, lhes são mais eficientes que a medicação prescrita. Surpresa? Que surpresa? Qual criatura na perda de seus familiares, não se derrapa no declive desse triste lado? Quando não se tem muito como esclarecer, não haverá outro caminho senão compreender que nessa jornada de experiência, aprendizado e destinação, além daqueles horizontes que se vê, há outros que a imaginação não os alcança. Cada qual, passo a passo, segue o seu mérito e ele por certo é a tônica que diferencia as nossas sortes? Criatura alguma vem a essa romagem sem a necessária energia para os seus enfrentos. Para a sua tranquilidade dona Zenilda, também sou “Bipolar”. Somos todos “Bipolares”. Alguns o sentem mais. Outros, um pouco menos. Os que se negam, não são verdadeiros. Mesmo sendo, o amor ao trabalho, à família, ao tudo da vida, não se encerra por isso na criatura “Bipolar”. Leve ao seu menino, o nosso afetuoso abraço e, apareça sempre.

(*) Manoel Marta@hotmail.com

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