Fim de um curso de noivos. Os casais que ali estavam participaram de palestras nas quais foram reforçados os valores de fidelidade, lealdade e da hoje difícil missão de manter um casamento por toda a vida. Quando entraram de mãos dadas na igreja para receber a bênção das alianças, sob o som da música da Família, cantada por um lindo Coral, certamente estavam emocionados e confiantes na realização dos seus sonhos. Sonhos de viver uma vida digna, de ter filhos, de poder sustentar esses filhos, de ter segurança em suas casas, de contar com escolas decentes, de poder recorrer a um sistema de saúde pública de fácil acesso em caso de doenças, de crescer e progredir na vida. Parecem sonhos simples e banais, ao alcance de qualquer um que se disponha a lutar por eles. Porém, a realidade se impõe e aqueles que deveriam facilitar a concretização dos sonhos de família são os primeiros a passar uma rasteira nos incautos sonhadores.
Qual a garantia de manter o emprego em um país que, ao invés de crescer, está encolhendo? Como ter filhos se, para educá-los, não se pode contar com um sistema educacional eficiente e formador de seres humanos éticos? A quem recorrer se não conseguirem pagar um plano de saúde que é oneroso, principalmente no começo da vida a dois, quando todos os dias é mostrado o descaso com a saúde pública que produz filas intermináveis, atendimentos precários, carência de profissionais e recursos? E para trabalhar, onde as mães vão deixar seus filhos já que, mais uma vez, as promessas da Presidente reeleita foram mesmo só promessas, e a falada construção de 6.000 creches e pré-escolas estagnou? Sobre segurança nem se fala. Logo, logo esses jovens estarão trocando a confiança no futuro pelo medo. Não poderão morar em casas, viajar de ônibus, andar sozinhos à noite por receio de ser assaltados. O governo, que deveria ser o guardião desses sonhos, é o primeiro a destruí-los. Libera crédito sem medir consequências e depois aumenta absurdamente a taxa de juros, deixando todos os que nele acreditaram endividados e perplexos.
Os políticos que só visam o poder, que vivem em função de eleições e para isso se submetem a todo tipo de conchavos, ameaçam esses jovens sonhadores. A corrupção, por si só, destrói sonhos e vidas. Também, em tantos outros países mundo afora, onde a liberdade de expressão é tolhida, sofrem os jovens, reféns de sistemas autoritários, que impõem às suas vidas restrições absurdas, enquanto os poderosos desfrutam de todas as benesses imagináveis. Menos Estado, mais felicidade.
Faço um apelo a todo homem público que exerce algum poder em nosso país. Deixem os jovens sonhar! A cada vez que se verem tentados a decidir que não seja pelo bem deles, não o faça. Considero como um dos mais graves pecados destruir sonhos.