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Souk Marrakesh

Estimado Leitor, fundada em 1602, Marrakesh é a terceira maior cidade do Marrocos

Mozart Lacerda Filho
Publicado em 17/07/2011 às 14:51Atualizado em 19/12/2022 às 23:19
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Estimado Leitor, fundada em 1602, Marrakesh é a terceira maior cidade do Marrocos. Medina, seu bairro histórico, é cercado por uma muralha e dentro dela ficam os famosos souks, os mercados, que vendem de tudo. Um dos passatempos preferidos dos turistas é perambular sem rumo por suas vielas.

Nos anos 90, aqui em Uberaba, também tivemos nosso Souk Marrakesh, que ficava no entroncamento das ruas Tristão de Castro e José de Alencar. Numa época em que não havia shopping na cidade, as galerias de lojas eram uma alternativa aos comerciantes que, juntos, buscavam atingir um público maior. E o Souk Marrakesh era uma delas.

Do lado de fora, predominavam as lojas de roupas, que aproveitavam o intenso fluxo de pessoas que subiam a Rua Tristão de Castro. Do lado de dentro, havia um salão de beleza e uma pequena loja de bijuterias. Isso, de dia, porque, à noite, funcionavam as duas joias da galeria: os bares Flor Amorosa e o Boggart.

Logo que se entrava, via-se o bar que homenageava o célebre Humphrey Boggart, ator de Casablanca, um dos maiores sucessos do cinema. Suas paredes eram todas decoradas com cartazes de filmes e pôsteres de atores famosos. Um dos personagens mais queridos do bar foi o seu eterno garçom Jacaré, grande figura. Sua atenção com os clientes era ímpar. Mais ao fundo, ficava o Flor Amorosa, que pertencia à família Caputti. Pai, mãe e três filhos cuidavam do lugar.

Pois bem. Eu tocava contrabaixo numa banda de rock chamada Rosa Negra (qualquer hora dessas, escrevo sobre ela) e entramos num festival de música promovido pelo pessoal do bar Flor Amorosa. Foi a primeira vez que estive por lá. O festival foi um sucesso enorme, com todos os jovens músicos da época participando. Pessoas que, depois, teriam seus nomes bastante ligados ao lugar, como é o caso do multi-instrumentista Emerson e o gaitista Cristiano. Isso em 1987.

Em 1992, voltei ao Souk, como carinhosamente o chamávamos, na companhia do amigo e guitarrista Marcos Vale. Fomos ver uma dupla de músicos que tocava de um modo bastante estranho para aqueles tempos. Um ficava de pé com seu violão e cantava todas as músicas do Osvaldo Montenegro, o outro, sentado, tocava timba e cantava como ninguém. Aliás, a dupla tinha uma sonoridade bem autêntica.

A ideia era convidá-los para que se unissem a nós e formássemos uma nova banda de rock. Mas aconteceu o contrári eu e Marcos Vale é que nos juntamos ao violonista Eduardo e ao baterista Keylisson, filho dos donos do bar Flor Amorosa, e formamos o Som e Cia., uma legítima banda de bar.

A arquitetura do lugar era um atrativo a parte. Primeiro não havia telhado, e as mesas ficavam ao ar livre. Duas imensas palmeiras varavam o céu, dando um toque todo refinado, sobretudo em dias de lua cheia. A iluminação era bastante suave, favorecendo os casais românticos, que buscavam um lugar calmo para namorarem. O piso, de mosaico português, refletia o brilho da luz e ajudava a criar uma atmosfera bastante aconchegante.

Mas, indiscutivelmente, o que havia de melhor no Souk eram os amigos que lá se reuniam. Sempre comentávamos que não era um lugar de clientes, era um lugar de gente que se gostava. Bom domingo a todos!

 

(*) Doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira e da Facthus

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