“Já pensou em publicar um livro? ...um livro intitulado Memórias de Uberaba. O seu público vai gostar e eu também”. Essa sugestão recebi, dia desses, de uma leitora, que ao final do seu e-mail cumprimentou-me por eu defender Uberaba, segundo ela, “sem nenhum interesse político”. Julgo que não faço tanto como eu gostaria de fazer.
A leitora, com certeza, sacou as suas observações da própria sensibilidade e intuição, pois o material que coleciono sobre Uberaba há quase vinte e cinco anos, composto por glórias, conquistas, derrotas e mazelas, vai dar muito pano pra manga. O momento oportuno para publicar as tais “Memórias...”, sugeridas pela leitora, parece-me não estar tão longe.
Quanto ao “interesse político”, avaliado pela observadora como ausente em mim, apresentei-lhe a seguinte resposta: – Elegi como opção defender as bandeiras e valores relativos às pessoas, ao meio ambiente, às instituições etc. Tenho, portanto, grande interesse político, porém de ordem um pouco mais elevada. Entendo não haver mal algum o político detentor de cargo ou mandato jamais apear da condição de homem e servir com decoro, sem abrir mão das bandeiras e valores que aqui mencionei. Infelizmente, somos tão poucos a defender esta linha, que outros como eu também recebem as mais diferenciadas avaliações. E isso é o que nos impulsiona!
E por que não me filiei a nenhum partido político? É porque o verbo filiar tem para mim um significado quase supremo, daí o meu partido preferido chamar-se “Uberaba”.
Quando me fazem perguntas do tip – Quanto você ganha? Já teve algum aborrecimento com o que escreve? Aonde você quer chegar? Por que não aborda esse ou aquele assunto? Ouço a indagação, procuro ser cordial na resposta e, às vezes, até desconverso. Nenhum dos questionamentos formulados pelas pessoas me aborrece, porque o ganho financeiro, a escolha do tema ou aonde quero chegar não vêm ao caso. Tudo me causa prazer, apesar de dar algum trabalho. Descobri isso aqui nesta página, há mais de treze anos.
Enquanto existir o fato que gera o tema e a sensibilidade para fazer fluir esse último, nós, articulistas e cronistas, vamos provocar inquietação. Não sendo assim, o artigo e a crônica perdem o sentido. Afinal, milhares e milhares de leitores acolhem diariamente o que aqui expressamos.
Escrever e exercer o bem me parecem sinônimos.
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
