ARTICULISTAS

Sumiço dos cadáveres

Recentemente ouvi pelo rádio uma entrevista com o médico e professor de Clínica Médica, Dr. Galvani Salgado Agrelli

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 24/02/2012 às 19:55Atualizado em 17/12/2022 às 08:31
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Recentemente ouvi pelo rádio uma entrevista com o médico e professor de Clínica Médica, Dr. Galvani Salgado Agrelli, na qual ele expressava a sua apreensão quanto ao futuro do estudo detalhado do corpo humano. Fiquei sabendo através dele que os corpos a serem dissecados estão ficando cada vez mais raros. Até bem pouco tempo conseguia-se cadáveres com relativa facilidade, mas essa realidade mudou drasticamente por vários fatores. A proporção média que já foi de 1:8, hoje é de 1 cadáver para 30 acadêmicos!

Fui surpreendido quando o professor pontuou que os estudos de Anatomia, ou seja, do conhecimento de todas as peças que compõem o nosso organismo, diante do “sumiço dos cadáveres” , agora tem sido feito em grande parte através de corpos sintéticos. 

Duas coisas eu concluí: 1ª conclusão - Se temos dificuldades para obter cadáveres, e esses, por via de regra, são de indigentes, é porque o padrão de vida das pessoas realmente melhorou. 2ª conclusão - Os bonecos estão tomando o lugar do homem...      

Interpelado pela repórter se o estudo da Medicina através de corpos de borracha poderá ser prejudicial ao médico em formação, o Prof. Galvani foi enfátic “O problema é que enquanto nos manequins um órgão de mesmo nome é sempre igual, nos seres humanos ocorrem variações e essas diferenças é que permitem ao aluno aprender mais.” Reportando-me à “Oração do cadáver desconhecido”, escrita por Karl Rocktansky, em 1876, preocupo-me com o sentimento que o médico sempre deve ter, iniciando a meu ver com o cadáver de carne e osso.

A continuar assim, o médico, cujo aprendizado realizará em peças artificiais, nunca saberá o que é realmente a dor, porque não cortou antes um corpo sem vida “nascido do amor de duas almas.” Aqui nossas homenagens ao saudoso Professor Dr. Jorge Furtado que doou em cartório o próprio corpo para a sua querida Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. O seu coração me foi apresentado no Depto. de Anatomia da UFTM pelo Prof. Dr. Vicente Nunes. Haja emoção!  

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro 

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