Em cada indivíduo existe uma força transformadora que nem é possível imaginar
Em cada indivíduo existe uma força transformadora que nem é possível imaginar, principalmente a capacidade natural de relacionamento interpessoal. Mas há o perigo das atitudes desumanas quando a forma de agir não estiver pautada nos ensinamentos do Evangelho. A Palavra de Deus, quando colocada em prática com toda sua dimensão, facilita atitudes de respeito e convivência fraterna.
Não é fácil conhecer bem a vontade divina, porque nela existe uma sabedoria onipotente e inacessível. O ser humano é constituído de fraquezas e incapaz para conhecer com profundidade as riquezas da divindade. Necessita do dom da sabedoria que é dado pelo próprio Deus através do Espírito Santo. A mente humana deve acolher esse dom e deixar Deus agir no seu interior.
A mudança de vida é um gesto de grandeza e de superação de diferenças. O apóstolo Paulo, dentro da prisão, encontra o escravo Onésimo e o converte a Jesus Cristo. Depois escreve uma carta ao amigo Filêmon falando da real transformação ocorrida na vida de Onésimo e que o acolhesse novamente em sua casa, não mais como empregado ou escravo, mas como um irmão (Fm 9-17).
Não é tão fácil um bom relacionamento entre as pessoas, porque com facilidade são construídas barreiras que as distanciam umas das outras. Somente o evangelho é capaz de derrubar esses muros de separação e reconstruir a amizade e a boa convivência numa comunidade. Apoiados na Palavra de Deus e no processo de conversão, os inimigos podem voltar a viver como irmãos.
Quem quer realmente ter intimidade com Jesus Cristo e fazer um caminho de fraternidade na comunidade terá que fazer rupturas, ser capaz de enfrentar conflitos e pagar um custo bem alto. Dizemos da sabedoria com um verdadeiro itinerário de humildade, de desprendimento e conformidade da vida com os ensinamentos do Senhor. Ter consciência de que o caminho escolhido é o melhor.
Superar diferenças significa entender que o bem encontra barreiras em relação ao mal. Tanto um como o outro têm uma força gigante de destruição e de construção de muros, derrubando o sentido da fraternidade comunitária. A saída é saber viver de forma transparente e corajosa o projeto deixado por Jesus, superando todo tipo de escravidão, construindo novo modo de viver nos dias de hoje.
(*) Arcebispo de Uberaba