ARTICULISTAS

Tabus existem para serem quebrados

Vejam como é engraçado e curioso o tal do tabu. Há muito pouco tempo, ninguém imaginaria que um ex-metalúrgico, sem formação superior, um homem do povão, pudesse ser eleito presidente de um país

Paulo Fernando Borges
paulofernando1981@gmail.com
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 17/12/2022 às 04:39
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Meu primeiro emprego foi como vendedor de picolés. Na verdade, eu nem precisava tanto, mas queria ter meu dinheiro, para comprar besteiras de criança, como balas, figurinhas para colocar no álbum e, é claro, picolés.   Quando eu decidi ir até a sorveteria perto de casa para conseguir a vaga, eu me preparei todo. Criei coragem para enfrentar um homenzarrão que, por sua vez, me questionaria o porquê de eu estar ali. Engano meu.   Chegando lá, fui gentilmente atendido por uma mulher. “Quero falar com o dono!”, disse a ela, me impondo. Sorrindo, ela me respondeu: “O dono sou eu. Do que você precisa?”   Perdi meu chão. Não sabia onde enfiar a cara. Fiquei mais gelado do que os picolés dentro do freezer. Ora, onde já se viu? Uma mulher ser dona de alguma coisa! Uma mulher mandar em alguma coisa. Até então, só minha mãe e as freiras da escola onde eu estudava me davam ordens.   Não pensava assim porque eu, uma criança, era uma machistazinho. Não. Pensava daquela maneira, porque nosso mundo, machista que é, condicionou algumas coisas. Dentre elas, a de que quem manda é o homem. Uma mentira. Mas, como diz o ditado popular, uma mentira contada várias vezes e por muito tempo, acaba se tornando verdade. Muitas vezes, é dessa forma que se estabelece um tabu.   Vejam como é engraçado e curioso o tal do tabu.   Há muito pouco tempo, ninguém imaginaria que um ex-metalúrgico, sem formação superior, um homem do povão, pudesse ser eleito presidente de um país.   Tampouco, um negro ser eleito presidente da nação mais poderosa do mundo e – diga-se de passagem – uma das mais racistas.   Também era difícil imaginar mulheres no poder. Prefeitas e governantes de países, como a 1ª Ministra alemã, Ângela Merkel. Como bem define o dicionário, tabus, muitas vezes, são proibições convencionais, impostas por tradição ou costume, a certos atos.   Existem outros tabus que, felizmente, foram ou estão sendo quebrados, ultrapassados. Seguindo a linha do machism antigamente, a mulher não era esposa. Era empregada do marido. O chefe de família era o homem... e outras tolices, impostas pela sociedade.   Existe também o tabu de que homem não chora. Chora sim. Chorar é uma forma de demonstrar sentimentos de dor ou alegria. Se o homem tem sentimentos, por mais macho que ele seja, pode chorar, sem problemas.   No futebol também tem tabu. Pra começar: hoje em dia as mulheres não são meras espectadoras. Elas jogam. Jogam muito. Alias, nós brasileiros, temos a honra de ter a melhor jogadora do mundo, eleita pela FIFA. A Rainha Marta.   Existia também o tabu de que nome e camisa ganhavam jogo. Ganhavam. Hoje não ganha mais. Corinthians, Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro podem ser grandes e tradicionais, mas isso não vale gol. O Timão e o Verdão já foram rebaixados no campeonato nacional. O Flamengo já perdeu final de Copa do Brasil em pleno Maracanã, para um time “pequeno”. O Cruzeiro já foi barrado muitas vezes por equipes do Interior, inclusive pelo Uberaba Sport, no último dia 21 de fevereiro, quando o Colorado empatou com a Raposa, no Uberabão.   Sendo assim, neste domingo, é dia de quebrar outro tabu. Uberaba Sport e Tupi se enfrentam, no Uberabão. E, desde o dia 2 de setembro de 2007, em jogo válido pela Taça Minas Gerais, quando venceu por 1 a 0, o Zebu não vence o time de Juiz de Fora. Pelo Mineiro, a última vez em que o USC não saiu de campo derrotado neste confronto, foi no dia 30 de abril de 2006, em jogo válido pelo hexagonal final do Módulo II. Naquela oportunidade, a partida terminou empatada em 2 a 2. Ou seja, não vencer o Tupi já está virando tabu.   Mas, como sabemos, tabus foram feitos para serem quebrados, superados e, tomara, acompanhados de três pontos.   (*) Estudante de Jornalismo paulofernando1981@gmail.com

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