Estimado leitor, conforme prometido, hoje abordarei a segunda parte do artigo intitulado Sem Solução, publicado há dois domingos. Nele, de forma bem pessimista, expressei alguma descrença na condição humana, sobretudo motivada pelas diversas tragédias que nestes dias recaem sobre nós.
Aproveitei a ocasião e expus, rapidamente, a dicotomia que há entre nos julgar bondosos por natureza, como desejava Jean-Jacques Rousseau, filósofo francês, e nos ver como portador de uma maldade inata, como apregoava Thomas Hobbes, filósofo inglês.
Apesar de certa desesperança, o artigo era uma enorme provocação e creio, sim, que haja solução. Meu desejo, além de expressar minha tristeza, era trazer o debate para o campo que julgo o mais adequado. Não encontraremos as respostas em teorias filosóficas extremistas. Nem tampouco no campo da metafísica ou da religião. A solução está na educação.
Desde já esclareço que a educação que me interessa aqui não se refere, simplesmente, a um conjunto de processos pedagógicos desenvolvidos por determinado profissional num local predefinido. Ou seja: o que aqui chamaremos de educação não se limita àquilo que professores desenvolvem dentro das escolas mundo afora.
Evidentemente sei que esse tipo de educação é fundamental para a orientação das pessoas e que ela tem seu lugar na formação de crianças e jovens, primordialmente. Entrementes, essa é uma visão reducionista. Educar é bem mais do que mandar filhos para a escola, seja ela a mais preparada para tal tarefa. Acho até que um pouco dos males que vivemos hoje em dia vem, justamente, dessa redução do conceito do ato de educar.
Com essa visão simplista de que educar as pessoas é tarefa quase que exclusiva da escola, outros que teriam, também, essa responsabilidade se veem eximidos dela. É isso que acontece, por exemplo, com muitos pais que, por matricularem seus filhos em boas escolas, pensam estar educando.
Estão, é lógico. Mas só isso não é suficiente. Por mais competente que a escola seja, ela necessita de ter na figura dos pais uma fonte inesgotável de apoio. Juntos, comunidade acadêmica (professores, diretores, pedagogos etc.) e pais, formam uma dupla inseparável.
Educar um filho é tarefa que começa bem antes mesmo de o filho nascer. A maneira como formamos nossa concepção de mundo e de como nele interferimos será diretamente responsável pelos valores que transmitiremos a eles. E essa é uma percepção que muitos pais não possuem. Ou por ser mais cômodo, preferem não possuir.
Educar bem nossos filhos, diante da crise moral que vivemos, pode ser a única solução para os maus momentos que, por hora, vivemos. Mas é preciso conceber a educação como algo mais amplo. Educar é participar da vida do outro, servindo de referência, é dizer não quando for preciso e elogiar quando for o caso. Nem de longe educar é tarefa exclusiva dessa ou daquela instituição. É tarefa de todos nós.
Desejo um bom domingo de Páscoa para todos e aproveito para agradecer aos leitores pelos inúmeros e-mails que recebi, comentando sobre meu artigo de domingo passado.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM