Numa de nossas revistas semanais, um cronista
Numa de nossas revistas semanais, um cronista (cujo nome infelizmente não anotei) fez umas uma série de considerações que me fizeram refletir. Seguem entre aspas. “Não existe a morte... Apenas a mudança. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas, Gandhi, o Arcanjo Gabriel, Whitman, Santo Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe que acreditavam que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.”
Para quase todos nós, a realidade da morte nos traz desconforto. A gente não sabe como são as coisas do lado de lá. Na verdade é que estamos correndo atrás de uma segurança interior que dê sentido às nossas vidas. Segurança e paz. Como sugeriu o cronista que citei, o “ter” e o “poder” não nos trazem nada de consolador. A solução de nosso problema está na linha do “ser”. Quem tem paz interior não se fecha dentro de si ruminando dúvidas e incertezas. Você ainda se lembra do sorriso do Papa Francisco para todos que o atropelavam? Todos aqueles que estão ao nosso redor são nossos irmãos. Todos. Os que nos ofendem e os que nos prejudicam. Nossos amigos e nossos desafetos. Não conseguimos vencer nossa insegurança. Temos medo de perder nossa segurança. Temos medo. Não temos paz. Em morte, nem falar. Cresce o número dos maus, mas ainda estamos cercados de gente boa, por santos e, o que é compensador, vamos nos reunir com eles do outro lado, com aqueles que amamos e com aqueles que nos crucificaram. Todos ao redor do Pai. Utopia? Crendice? Infantilismo? Beatice? Se você acha que, com a morte, acaba tudo, nada em sua vida passa a ter sentido. Viver torna-se uma piada de mau gosto.
Vivemos nos queixando de que sempre nos falta alguma coisa. Não sabemos do que se falta. Ninguém é totalmente feliz. Curtimos uma avassaladora necessidade de ser amados. Tememos o isolamento, principalmente os idosos. Procuramos descobrir a gênese de nossos sofrimentos, de nossas angústias. De nosso cansaço.
Quase todos nós conhecemos aquela oração de Teresa de Ávila que devíamos saber de cor e repetir sempre: “Nada te perturbe. Nada te assuste. Tudo passa. Só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem Deus, nada lhe falta. Só Deus basta”.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro