Estimado leitor e prezados pais, nunca foi tão importante ter tempo para os filhos quanto agora. Vivemos num mundo de completa ausência de referências, onde, muitas das vezes, mais é menos
Estimado leitor e prezados pais, nunca foi tão importante ter tempo para os filhos quanto agora. Vivemos num mundo de completa ausência de referências, onde, muitas das vezes, mais é menos, bom é ruim, certo é errado. É uma época de completa inversão dos valores, como, obviamente, vocês já devem ter observado.
Em tempos assim, os jovens precisam de modelos claros de educação para que possam ter em que se apoiar nos momentos de dificuldades, que serão muitos vida afora. É de fundamental importância, então, que eles vejam na família (conceito cada vez mais vago na cabeça das pessoas) um porto seguro. Para isso, ela deve estar sempre ao lado deles.
Quero esclarecer que não estou defendendo um maior tempo de contato entre pais e filhos. Defendo uma melhor qualidade do tempo em que pais e filhos ficam juntos. O importante não é o número de horas que você dedica a seu filho. O que realmente vale é a qualidade do encontro entre ambos. Se, nos poucos momentos que vocês estão juntos, houver um real envolvimento, esse tempo terá sido suficiente para uma verdadeira troca de afetos, o que fará bem a todos.
Que trabalhamos demais e que, portanto, não temos tempo suficiente para estar com quem amamos, todos sabemos, e darmos essa desculpa é tapar o sol com a peneira, é uma atitude completamente inútil. Temos é que nos lembrar de algo muito simples: nossos filhos são de nossa inteira responsabilidade e, para o bem de toda a sociedade, devemos assumi-la da melhor maneira possível.
Delegar a educação dos jovens a quem quer que seja cria a sensação de que eles são um peso, um fardo que os pais devem carregar. Em vez de se sentirem queridos e amados, a delegação do cuidado de suas vidas a outrem os faz se sentirem rejeitados, preteridos. Alguém que se sente indesejado encontrará recursos internos para crescer feliz, saudável, lúcido, preparado para a vida?
Muito tem se falado sobre o comportamento dos jovens de hoje. Que eles não têm limites, que não estão nem aí para isso, nem aí para aquilo, que não querem nada com a dureza, que nada os preocupa, dentre outras coisas. Evidentemente, não nego que muitos precisam rever seus comportamentos, dado os absurdos que praticam.
Entretanto, pergunt será que eles não estão sem limites simplesmente porque não os conhecem, porque não estamos deixando claro quais são esses limites? Dito de outro mod se os pais não têm clareza dos limites a serem impostos aos filhos, como cobrar deles tal atitude? Lembremos todos: não há ser humano que faça o que não lhe foi devidamente ensinado.
Para que os pais possam melhor compreender as inseguranças de seus filhos e ajudá-los, é preciso ter, na educação deles, uma prioridade de vida. Não estou querendo dizer que tudo o que lhes acontece é de exclusiva responsabilidade de seus pais. Sabemos que muitos pais ficam atentos aos acontecimentos que envolvem seus filhos e nem por isso eles correspondem adequadamente.
Mas, inegavelmente, pais mais sincronizados com as demandas emocionais de seus filhos e que encontram tempo para estar de verdade com eles transmitem-lhes maior segurança, fortalecem sua autoestima e, com isso, eles crescem mais autônomos, qualidade indispensável para fazer deles futuros cidadãos, conscientes de seu papel na vida.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM mailtmozart.lacerda@uol.com.br