Última semana da Quaresma. Tempo especial em que os cristãos refletem sobre a vida de Jesus Cristo e, principalmente, sobre a dolorosa morte na cruz, no Calvário. Seguindo a narração de Sua passagem pela terra, do nascimento à morte, registrada pelos evangelistas no Novo Testamento, entendemos a grandiosidade do sacrifício na cruz para salvar a humanidade.
No tempo quaresmal, a leitura dos evangelhos nos revigora na fé. O Filho de Deus operou milagres, com eles abrindo os olhos do povo para o reconhecerem como Messias. Ele também nos mostrou a eficácia da oração, com a qual pediu forças ao Pai. Além disso, em cada milagre, dos inúmeros que operou, deixou uma lição de amor ao próximo. E num exemplo especial de vida, com chicote, expulsou os vendilhões do Templo - a Casa do Pai.
Os costumes quaresmais há muito mudaram: na Semana Santa não se varria casa, nem se penteavam os cabelos. E, embora emissoras de rádio - o meio de comunicação de massa, na época - oferecessem programação especial para a Semana, com destaque para a vida do Cristo, nas casas o rádio, na maior parte do tempo, permanecia desligado. Clubes sociais evitavam bailes na Quaresma. Fiéis faziam jejum e evitavam carne. E, sobretudo, acompanhavam, com fervor, as cerimônias da Semana Santa. Apesar das mudanças nos costumes, a fé em Cristo permanece inabalável, pois, para quem crê, Ele é a Luz do Mundo.
Cada cerimônia da Semana Santa realça passagens expressivas da vida de Crist sua entrada triunfal em Jerusalém, sobre um jumento; o enfrentamento da justiça dos homens; as orações ao Pai; o lava-pés, a última ceia e a instituição da Eucaristia, com a presença dos apóstolos; a caminhada rumo à cruz, pela Via Sacra; a crucificação; a ressurreição. Todas essas cerimônias litúrgicas da Igreja compreendem do Domingo de Ramos ao Domingo de Páscoa e são acompanhadas com fé, respeito e devoção. Um canto solene exorta o cristão a viver a Quaresma: “Pecador, agora é tempo/ de contrição e de temor;/ segue a Deus, despreza o mundo,/ já não sejas pecador!”
Mesmo com as mudanças nos costumes, a Sexta-Feira Santa ainda parece o dia mais triste do ano. Um silêncio estranho paira no ar. Até a natureza emudece. Não raro o céu é cinzento. A Semana Santa é um convite para que homens de boa vontade se reconciliem com o Filho de Deus feito Homem para salvar a humanidade. E, assim reconciliados, na Páscoa da Ressurreição todos nos alegramos contemplando Cristo subindo aos céus.