Há poucos dias, a população mundial assistiu atônita à tragédia decorrente do evento sísmico [terremoto] no Haiti. Foram milhares de mortos e desabrigados em toda a cidade de Porto Príncipe (capital do Haiti). A tragédia sísmica do Haiti, em que pesem os prejuízos econômicos e a quantidade de pessoas que pereceram, serviu para mostrar a realidade cruel que permeia a vida do povo haitiano. Serviu para que o mundo voltasse os olhos, pelo menos por um instante, para as mazelas causadas pela terrível desigualdade social que marca a vida do povo haitiano.
Hoje, a notícia do terremoto no Chile, traz à tona a discussão acerca das grandes catástrofes naturais. A situação do povo chileno é diferente do Haiti, porém, isso não minimiza o sofrimento de famílias inteiras que perderam seus entes queridos no evento sísmico desse dia 27/02/2010, no Chile.
1. O que ocasionou os eventos sísmicos nesses dois países?
No primeiro caso, no Haiti, o fenômeno sísmico se deveu à própria localização geográfica do Haiti, em especial da cidade de Porto Príncipe. Ela se situa numa região de instabilidade geológica, na borda da placa tectônica do Caribe. É uma zona de alta instabilidade devido a falhas e fraturas geológicas, situada na área de junção de duas placas tectônicas, propensa a grande quantidade de eventos sísmicos.
Já, o caso do Chile também envolve a localização geográfica do território chileno. O país situa-se nas costas do continente sul americano, próximo à Cordilheira dos Andes dando abertura para o Oceano Pacífico. Mas, o que realmente determina a quantidade de eventos sísmicos naquela porção do continente, é que a região pertence ao “Círculo do Fogo do Pacífico”, envolvida em uma grande variedade de atividades sísmicas e vulcânicas.
2. Mas, o que vem a ser o “Círculo do Fogo do Pacífico”, afinal?
“Círculo do fogo” é a nomenclatura dada à região submetida a intensas e frequentes atividades sísmicas e vulcânicas que circunda a região onde se situa a placa tectônica do Oceano Pacífico. Essa zona é circundada pela junção de várias outras placas tectônicas, como Nazca, Filipinas, de Cocos, Antártida, norte-americana e Indo-australiana, englobando, ainda uma pequena porção da borda da placa da Eurásia. As junções de todas essas placas originam movimentos tectônicos, que dão origem a intensas atividades de vulcanismo e terremotos.
Por fim, esses eventos sísmicos, como o ocorrido hoje no Chile, servem para mostrar, sobretudo, que o nosso planeta ainda não atingiu a estabilidade geológica [como defende uma parcela de cientistas], mas, ao contrário, as placas tectônicas estão em movimento contínuo. Esse movimento se alia às atividades decorrentes do núcleo da Terra, envolvendo material magmático, submetido a altíssimas temperaturas e pressões.
Portanto, mesmo os países nos quais as atividades sísmicas e vulcânicas estão estagnadas há algum tempo, não estão a salvo dessas atividades, dentre eles o imenso território brasileiro, que sentiu, mesmo que em pequena dosagem, o gostinho do terremoto chileno.
(*) técnico em Mineração, graduado em Geografia, mestre e doutorando em Educação [com ênfase em meio ambiente] pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e docente da Universidade de Uberaba (Uniube)