É o grau de tolerância anunciado pelo poder público com motoristas que deslocam em carros com o som acima do permitido
É o grau de tolerância anunciado pelo poder público com motoristas que deslocam em carros com o som acima do permitido por lei, ou seja, som alto. Certíssima a medida, e necessária, caso não seja uma redundância.
Sabemos que não há coisa pior do que ser obrigado a ouvir aquela música que não compõe o nosso ritual cultural, e, mais grave, alto. Se for de madrugada, quando o som propaga sem obstáculos, não sabemos de onde vêm aquelas vibrações, que nos sugerem estarem vindo do inferno astral. Geralmente pessoas que deslocam com o som musical nas alturas estão surdas, e o som pouco as incomoda. Quando não, são exibicionistas de um gosto que creem ser o melhor, imputando aos outros dores infernais, por serem obrigadas a ouvirem aquele batidão, ou aquele estilo musical desgraçadamente horrível.
Sem falar daqueles que param à porta de um boteco, abrem as portas de seu carro e deixam o som rolar, como se isso fosse a coisa mais natural e aprazível. Tolerância zero mesmo, até com o vizinho que por estar dentro de sua casa, acredita que pode ouvir o som na altura que bem entender. Pode não. As relações sociais estão acima do querer pessoal. Pois bem: o poder público poderia avançar um pouco mais e, caso queira e tenha um setor de educação no trânsito, começar uma campanha educativa.
Ficamos mal-educados com o tempo ao volante, principalmente quando não há fiscalização o bastante para punir nossas infrações. Como a prefeitura não consegue melhorar a sinalização do tráfego para pedestres e motoristas, talvez uma blitz educativa seja necessária para que possamos estar sempre relembrando dos bons modos ao volante. A tendência humana ao volante é a violência e o escracho. Essa relação pedestre e motorista, motoqueiros e o mundo é uma relação esgarçante, ainda mais quando as regras não são cumpridas.
Veja bem: há quanto tempo não paramos na faixa de pedestre, até mesmo no shopping, quando há alguém lá esperando sem saber se iremos parar ou seguir em frente? Quantos pedestres não atravessam foram na faixa porque não há a cultura da educação para o trânsito. Sem falar nos estacionamentos em local proibido, nas paradas proibitivas aonde sempre encontramos um carro. Ou aquela sinalização que permiti o carro estacionar justamente onde atrapalha a visão de quem está atravessando aquela rua. Se não há postura pública para com o trânsito, nos sentimos legisladores dele.
Mas voltando ao nosso assunto inicial, a medida punitiva do poder público irá contribuir para a saúde emocional de quem dirige e de quem ouve aquelas músicas horrorosas. Mas essa ação deve ser estendida aos pontos comerciais onde locutores esgoelam as liquidações daquele dia, ou aos carros e motos que passam anunciando ‘de um tudo’, com o som acima do permitido.
Essas ações não são chatices, mas necessárias porque possibilitam qualidade de vida àqueles que trabalham e se deslocam pelas ruas da cidade. É uma atitude de civilidade e de respeito à maioria. Os desejos pessoais e os gostos próprios devem ser exercidos sem que isso represente prejuízo aos demais. Como fumar em local público, beber e dirigir, transar sem camisinha...
(*) professor