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Toma este cala a boca...

Fiz um exame pessoal deste nosso Brasil atual, desde o ribeirão da Piracanjuba

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 25/05/2011 às 19:43Atualizado em 20/12/2022 às 00:09
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Fiz um exame pessoal deste nosso Brasil atual, desde o ribeirão da Piracanjuba até o rio Amazonas. Devo dizer-lhes, meus leitores ingênuos, que apenas confirmei: as águas correm todas para o mar! Agora, quem leu o título vai curiosamente perguntar: caramba, onde entra nesta história o tal “cala a boca”? Calma, eu chego lá.

A origem do título é antiga, do meu tempo de vender zebu fiado a algum mascate escolado. No meu caso, o comprador era muito alegre, amigo, boa-pinta e boa-praça, um esportista de roda zebuína. Certo sábado, ali na esquina do Marabá, encontrei-o contando piada e rindo com os amigos. Delicado, puxei-o de lado, pensando no seu humor que parecia ótimo, e dei-lhe o apert fulano (anonimato ainda me levará ao céu...), porque você não comparece com aquela grana que me deve de quase um ano? O danado era macio, me puxou um pouco mais pra longe, meteu a mão no bolso e tirou de lá uma humilde nota de vinte. E finalizou solene: doutor, e a nossa amizade? Toma este “cala a boca” e espera, eu ainda chego lá... Eram só vinte, mas eu calei a boca: a esperança é a ultima canoa que afunda!

Bem, vamos voltar lá em cima, se não no Amazonas, no córrego da Piracanjuba, que a mim lembrou o tal “cala a boca”. Não pense, meu amigo, que a minha ideia está variando demais. Como sempre, esta abertura tem razão e motivo, que pelas raivas e sofrimentos vou encurtar. Aqui neste nariz do Triângulo Mineiro existe uma dívida governamental muito antiga, lutada e prometida: a nossa liberdade e independência de Minas. Tivemos lutas homéricas chefiadas aqui por Uberaba e Uberlândia – o Hugo, deputado; o Ronan Tito, senador, e com eles os melhores nomes na cultura e na política de nossa terra. Isto tem mais de vinte anos, o Guido Bilharinho sabe a história. Nós íamos ser analisados na Câmara dos deputados, a oportunidade e a simpatia eram todas nossas, até a Bandeira estava pronta. Mas nós éramos amadores e esquecemos o tal Newton Cardoso, governador mineiro que iniciava sua marcha da fortuna. A gente só precisa de uns vinte votos mais, coisa de até pouco preço, mas éramos idiotas patriotas, nem pensamos em ir a Brasília e dar lá um cala a boca... Resultado lógic perdemos.

Agora, porque essa dolorida lembrança? Amigos, em Brasília vão retornar as divisões territoriais, saiu na Folha. Onde vamos ficar, nós idealistas aposentados ou enterrados? E esta juventude política, que cada vez mais pensa apenas em si, seus cargos, seus parentes colocados, seus cabos eleitorais garantidos? Ou seja, se quiserem enterrar minha sofrida crônica: cala a boca, João! E jogando o final: a Folha de São Paulo escreve que o Governo Federal reabriu a divisão territorial: Pará, Maranhão... e o Triângulo. Temos três deputados federais, mudos. Cala esta boca, João!

(*) Médico e pecuarista

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