No dia 08/08/2014, publiquei aqui o artigo “Roda de comandantes” e, ao citar os nomes de seis aviadores destaquei: “São alguns dos pilotos que se arriscam nas alturas, enquanto seus familiares, confiantes em Deus, vivem pesadelos constantes aqui na terra”.
Não vaticinei, mas seis dias depois tivemos o acidente aéreo com o jato Cessna 560 XL- PR-AFA em Santos/SP que vitimou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos com outras seis pessoas. No mesmo artigo, frisei: “Quanto mais evolui a tecnologia, mais os riscos a desafiam”. Foi completamente destruído um jatinho tido como um dos mais seguros do mundo. E sua caixa-preta nada gravou antes do acidente (?!). Mais um questionamento nacional que atravessará os tempos.
Certa vez, frente a uma balança eletrônica para pesagens de toneladas, indaguei ao seu experiente operador se ali estava um equipamento verdadeiramente confiável e ele me respondeu: - “Não existe balança confiável. Existe sim, balanceiro confiável”. No caso do jato, ainda que ele fosse ultraconfiável, como era o caso, prefiro confiar no tirocínio dos pilotos. Afinal, sem o homem o avião sequer existiria.
O que deve ser levado em conta é exatamente o estresse causado pela atividade aérea nos seus profissionais. Voar é experimentar esse extremo o tempo todo. Segundo consta, o piloto Marcos Martins postou mensagem nas redes sociais revelando estar “Cansado de voar, voar e voar”. Aí está a senha de uma tragédia anunciada.
Queira Deus que o ritmo frenético do candidato Eduardo Campos, à maneira de todos os candidatos em campanha, não tenha ditado a sua própria tragédia. Não será surpresa se os dois; piloto e copiloto forem os únicos “responsabilizados” pelo acidente.
No dia 11/12/2004, tivemos em Uberaba a queda do avião PT-WAK, tipo EMB 110, série 110071, morrendo a tripulação e também o sr. Paulo Sebastião dos Santos, que teve sua casa destruída no Bairro Pontal. Repetiu-se a dose no dia 10/03/2005, quando a aeronave PT-DFK também caiu aqui, matando o seu comandante Henrique Bernardo. Nossa aviação tem capítulos prodigiosos constando tragédias onde são subestimados os valores sociais das vítimas. Não é raro ver familiares que ficam de pires nas mãos a “esmolar” o direito líquido e certo de ser indenizados. Provavelmente veremos esse filme se repetir agora num tempo em que, por lei, as investigações de acidentes aéreos passaram a ser sigilosas.
Enquanto isso, morrendo Eduardo Campos, o Brasil segue com opções reduzidas de renovação no campo governamental. Relembrand hoje 22/08/2014 completam 38 anos que o ex-presidente Juscelino Kubitschek perdeu a vida num acidente na Via Dutra.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO. MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO