A rua Jaime Bilharinho é aquela que desce das Mercês atravessa a Av. Leopoldino de Oliveira e, subindo, termina no bairro Fabrício. Era uma rua de mão dupla, a partir da avenida, um horror. Agora, é mão única sentido Mercês-Fabrício. Ação simples, mas complexa, entretanto, demonstra vontade racional em dar um sentido no sistema viário, minimizando o seu caos.
A ausência da cultura de sistema binário na cidade nos fez preguiçosos ao trânsito. Queremos chegar ao trabalho e aos compromissos em linha reta, sem dar volta e de preferência estacionar o carro na porta de onde queremos ir. Sem falar das motos que parecem enxames, que a toda hora saem de todos os lados, de todos os sentidos, com aquela buzininha irritante, como se eles estivessem sempre certos e nós motoristas errados e sem pressa.
Outra rua: Monte Alverne, atravessa o bairro Estados Unidos, sai da rua Osvaldo Cruz e morre na Barão de Ituverava, mão dupla. No entanto, ao descer essa rua na altura da praçinha na Padre Zeferino, deve-se entrar a direita passando rente a essa praça. Esse desvio simples interrompeu as batidas na esquina, no entanto, a Monte Alverne pode ser mão única. Porém, a intervenção neste local tem um senão. A rua Padre Zeferino, um pedaço é mão única e um outro pedaço mão dupla, uma bobagem, pois deveria ser tudo mão única. É aquele tal negócio de querer atender a um amigo que mora no meio do quarteirão, então coloca mão dupla e simples para atender a ele e não à comunidade. Devo reconhecer, com reservas, que as intervenções em alguns trechos da malha viária uberabense têm sido positivas, porém, perdura a cultura do improviso. Por que não fazem a coisa por inteiro? Por exemplo, a chiadeira dos moradores do Fabrício é sem sentido, mas torna-se real quando se percebe que não há sinalização que aponte caminhos para o motorista e que o fluxo ao ser mudado, outras mudanças ao seu redor deverão ocorrer, melhorando, assim, as vias que darão acesso ao escoamento, em substituição àquela onde ocorreu a mudança.
Por fim, só para ficar nessas mudanças, a rua da Medalha Milagrosa também deixou de ser mão dupla. O que há de possível equívoco nestas mudanças? Em princípio nada, só na forma de execução. Não fizeram a coisa por completo, ou seja, com sinalização de contra-mão, com placas indicativas, há plaquinhas com sentido obrigatório mesmo podendo ir reto, não há placas indicando bairros, avenidas... Mudaram os sentidos das ruas, mas não sinalizaram, e como o motorista nem sempre está atento, ele se sente perdido. Mea culpa, culpa inteira, dividida entre o setor público com os motoristas. O que foi feito na Monte Alverne simplesmente jogou para a próxima esquina o congestionamento de carros. Se optassem pela mão única na Padre Zeferino, sentido Estados Unidos-Fabrício, desobstruiriam aquele pedaçinho de mão dupla. O bairro Estados Unidos tem ruas largas e escoamento fácil. No entanto, devo reconhecer que todas as mudanças feitas são importantes e necessárias, principalmente para os pedestres, tão esquecidos nesta selva de pedra, onde carros e motos disputam espaço e tempo pelas ruas da cidade. Sejam perseverantes e continuem com as mudanças, mas no seu todo, sem esquecerem a sinalização.
(*) professor