A temporada de 2010 começa com uma grande ausência, Kimi Raikkonen vai ficar de fora. Não por escolha dele propriamente dito. Tem gente que acha que foi por dinheiro, já não havia nenhuma equipe disposta a pagar o salário do ex-campeão, apesar da Ferrari bancar boa parte deste, mesmo trabalhando em outra equipe. Economizando palavras, como sempre, o “Homem de Gelo” disse que ficou sem lugar numa equipe competitiva e por isso ficaria fora dessa temporada, pois seu negocio é competir por vitórias. Mesmo sem correr em 2010, Kimi vai ganhar 25 milhões de euros dos italianos. O lugar que restava era o segundo carro da McLaren. Mas aí entrou a teoria de que Lewis Hamilton era fervorosamente contra, e era mesmo. Depois vieram as questões trabalhistas. A equipe e o piloto não chegaram a um consenso sobre o número de aparições promocionais que o piloto deveria fazer, e o Ice Man ainda queria a liberdade de participar de algumas provas de ralis, em datas não conflitantes com o calendário da F-1. Situação que os ingleses têm ojeriza, depois que Montoya perdeu algumas corridas por se machucar praticando motocross. Na época, falou-se oficialmente que ele se machucou praticando tênis. Pensando bem, o pessoal da McLaren deveria ser mais solícito com Kimi, depois do que fizeram com ele na temporada de 2005. Nesta temporada, o finlandês perdeu quatro vezes 10 lugares no grid por terem trocado o motor, também perdeu 34 pontos por falhas mecânicas, ainda assim ganhou sete etapas. Analisando friamente, Kimi foi o campeão moral de 2005. Para quem não se lembra, no GP do Japão de 2005, Raikkonen largou em décimo sétimo e ganhou a corrida. Batalhou muito na pista e deu um grande calor no Alonso, ganhando de Schumacher. Quem disse que não tem jeito de passar naquela curva do final da reta de chegada em Suzuka, onde Mansell perdeu para Senna, justamente por tentar entrar atrás de outro carro? Kimi deu um show de pilotagem aquele dia. No GP da Europa, também em 2005, o Ice Man comandava a corrida com Alonso na sua cola. No finalzinho, mesmo com o pneu dianteiro direito se esfacelando, o frio finlandês acelerava como nunca e mantinha-se à frente, até que a suspensão não aguentou e quebrou no final do retão, tirando o corajoso piloto da disputa. Se em 2007 ele não fez muito para ser o campeão, pelo menos por linhas tortas a injustiça de 2005 foi retratada. Na teoria da conspiração, a história era de que a FIA e o “Verme” não queriam um piloto da McLaren com o campeonato de pilotos, sendo que a equipe havia sido punida com a perda total dos pontos, devido ao escândalo da espionagem com a Ferrari. Historicamente não ficaria bem, diziam eles na época. Kimi Raikkonen é um ser diferente de todos os que habitam o planeta F-1, é por isso que às vezes é mal visto por alguns dirigentes. O negócio dele é sentar no carro e acelerar. A obrigação que todos os pilotos de hoje têm de ir a festas e compromissos extra-pista não fazem parte de sua cultura. Mesmo em corridas, ele tem um comportamento distinto. Neste ano, no GP da Malásia, quando a disputa estava interrompida e todos os pilotos estavam indecisos sobre o desenrolar da prova, já que a visibilidade era pouca, o finlandês simplesmente tirou o macacão e foi saborear um picolé. Nessa mesma hora havia pilotos dentro do carro no grid, esperando o reinício da prova. Esse tipo de atitude pode passar um ar de desinteressado para alguns e não agradar outros, principalmente os dirigentes. Final da novela: a McLaren contratou outro campeão, Jenson Button, por apenas 6,5 milhões de euros, e esse sem o veto de Hamilton. Será por quê? Hamilton, assim como quase toda a torcida do Corinthians, não vê o atual campeão como um adversário de peso. O que poderia ser bem diferente com um Ice Man doidinho para bater os italianos depois de ter sido dispensado, mesmo com um contrato em vigor até o final de 2010. O finlandês vai curtir um ano correndo em ralis e recebendo da Ferrari, voltando em 2011 num carro de ponta e, segundo a rádio paddock, num carro da Red Bull, que estaria patrocinando sua aventura no mundo dos ralis. No mundo da Nascar, Jimmie Jhonson confirmou seu quarto título em sequência. Fato inédito na categoria. J J também é um piloto diferente na categoria, pois não cultiva inimigos e é admirado por todos. Ao contrário da maioria dos praticantes, que muitas vezes chegam a sair no tapa devido aos toquinhos que até são permitidos na categoria. Quando são praticados na reta. Parabéns ao J J e à sua equipe, a mais eficiente da categoria.