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Um bom começo

Uma feliz coincidência aconteceu neste final de semana. Dois brasileiros convalescentes de acidentes na temporada passada começaram o ano com podium: Vitor Meira na Indy, e Massa na F-1...

Reginaldo Baleia Leite
Publicado em 17/03/2010 às 21:34Atualizado em 20/12/2022 às 07:31
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Uma feliz coincidência aconteceu neste final de semana automobilístico. Dois brasileiros convalescentes de acidentes na temporada passada começaram o ano com podium: Vitor Meira na Indy, e Massa na F-1. Vitor foi terceiro na São Paulo Indy 300, prova de abertura da categoria. Massa foi segundo, também na abertura da F-1, no Bahrain. Vitor Meira quase se tornou um deficiente depois de um acidente provocado por um piloto que nem deveria estar no grid, em maio, nas 500 Milhas de Indianápolis. O podium de Meira foi como uma vitória, pois o piloto corre numa equipe com poucos recursos e comandada por um mito americano que não é adepto da eletrônica e de novas tecnologias. E Felipe Massa se restabelecia de seu acidente em julho, nos treinos do GP da Hungria, como todos se lembram. Os dois merecem aplausos pelo que passaram. Mas na F-1 esse segundo lugar cheirou mal. E o espanhol estreou com vitória. Infelizmente esse tipo de situação vai perdurar durante toda a temporada. Apesar de a equipe dizer que os dois pilotos têm o mesmo valor e que é a equipe que tem primazia, Alonso é o senhor que dá as cartas (olha o Santander aí, gente!), até nas casas de apostas e, infelizmente, pelo Velho Mundo afora. E o pior, Alonso, ao contrário de Kimi, sabe jogar para a galera italiana. Com frases do tip “Estou na melhor equipe do mundo! Dedico essa vitória a todos torcedores da Ferrari!” E por aí afora.   Massa foi prudente ao aliviar para Alonso depois da primeira curva, pois tinha uma corrida inteira pela frente. Mas na hora do vamos ver, quando apertava o companheiro e diminuía a diferença, Massa foi traído pela própria equipe, isto é, seu engenheiro de confiança, com aquela ordem de reprogramar o mapa do motor, para economizar o motor para as próximas etapas. Foi o primeiro aviso de vários que veremos pela frente. O momento crucial foi a ultrapassagem depois da primeira curva, quando Felipe largou do lado sujo e tentou segurar sua posição. Na verdade, Alonso devolveu aquela ultrapassagem do brasileiro, na casa do espanhol, sob as mesmas circunstâncias, só que na época, o asturiano não aliviou da mesma maneira que Massa nesta etapa. Se bem que não eram companheiros de equipe. Agora só falta o espanhol levar sua família para dentro da equipe, como Felipe faz há tempos e o espanhol nunca fez. Mas o asturiano é muito forte no marketing pessoal e vai fazer de tudo para minar a intimidade que o brasileiro tem dentro da casa italiana. E vai trabalhar forte para ganhar a simpatia dos Tiffoses e já começou com tudo. Massa e Alonso ainda são companheiros de equipe, mas se o brasileiro conseguir desbancar o hispânico, mesmo contra a vontade mundial, aí poderemos ver uma reedição de situações do passado, Senna e Prost e outras mais. Mas depois do que Alonso passou na McLaren é claro que ele se precaveu ao assinar com os italianos.   Entrei de sola na situação dos pilotos da equipe vermelha e não falei da corrida em si. Foi mais uma etapa sem grandes disputas e com poucas ultrapassagens, para desespero dos cartolas que vivem mexendo no regulamento a fim de melhorar as disputas. A corrida foi dominada, como esperado, por Sebastian Vettel da Red Bull, ou RBR, como o Maguido (Galvão) pronuncia. A RB 6 realmente é o carro a ser batido. Pena que foi traído por problema de ignição, e não pelo consumo exagerado de pneus, como era falado pelas más línguas no paddock. Newey sabe como construir um ótimo carro e todos o imitam, principalmente a turma que dispõe de mais recursos, como McLaren e Ferrari. Vettel mostrou do é capaz mais uma vez e o carro da Red Bull tem tudo para ser o “bam-bam” até começar a fase europeia, quando as grandes vêm com atualizações de seus bólidos, mas a prancheta - AUTOCAD - do mago (Newey) continua em ação para desespero dessa turma. Como a equipe do energético não dispõe dos mesmos recursos da Ferrari, McLaren e Mercedes a briga vai ser boa. E podemos ter uma grande disputa apesar da falta de ultrapassagens, muitas vezes atenuadas por circuitos que não facilitam as coisas e são considerados verdadeiras obras de arte, porque foram construídos de acordo com as cartas do lado comercial desse esporte, Sir Verme Ecclestone.   A estrela da pré-temporada, a McLaren, apesar do sistema inédito da entrada de ar comandada pelos pilotos e que influi sobre o aerofólio traseiro, não foi o bicho papão como esperado. A equipe tinha todos os holofotes mirados nela, depois da reclamação oficial da Red Bull. O sistema foi aceito para etapa do Bahrain, mas foi proibido no restante da temporada. Sendo assim, os ingleses não seriam bobos o bastante para mostrar um desempenho acima dos demais. Apesar da proibição e da simplicidade do sistema, a equipe deve criar uma variante desse sistema, que na verdade fere o regulamento. Mas os interesses e o bairrismo sempre falam mais alto nessas situações. A McLaren ainda vai tirar coelhos dessa cartola. Depois de ser sempre cerca de meio segundo mais rápido que o Alemão, desde os primeiros treinos, na classificação e na corrida de abertura, Nick Rosberg sofreu o seu primeiro recado de repressão de Ross Brawn na equipe. Segundo Brawn, Rosberg tem por obrigação ser mais rápido que o alemão. Pois Rosberg vem correndo normalmente e o patrão ou chefão está parado desde o final de 2006. Por essa e outras dá para ver a situação que o jovem vai enfrentar o resto do ano. Se andar na frente não fez nada mais que a obrigação e se andar atrás, ninguém vai reclamar e assim deve ser no decorrer da temporada.   Esperamos que na Austrália as equipes estejam mais equilibradas e tenhamos um bom espetáculo, ou seja, disputas por posições e ultrapassagens. Já no Brasil, vimos o que a organização da Indy penou para realizar uma corrida numa pista que nunca havia sido usada e que o homem que cuidou da execução da pista era mesmo um teimoso, pois lhe foram oferecidas ajudas de várias partes e ele não aceitou. Mas quando os carros começaram a sambar na reta do sambódromo e a decolar com as quatro rodas na marginal da marginal, os pilotos botaram a boca no trombone e aí os americanos ficaram conhecendo o famoso jeitinho brasileiro. A Rede Bandeirantes está de parabéns pela cobertura. No dia da corrida a equipe de TV mostrava a toda hora o que acontecia no Circuito. A turma do “plim-plim” bem que podia imitar esse tipo de cobertura. Como nada é perfeito, a Band também tem seu Maguido na narração.

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