ARTICULISTAS

Um cara simprão

Ele é assim, simprão, e pronto. Mesmo carregando nas costas uma caminhada de sucessos profissional

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 07/12/2010 às 19:55Atualizado em 20/12/2022 às 02:50
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Ele é assim, “simprão”, e pronto. Mesmo carregando nas costas uma caminhada de sucessos profissional e familiar, é mesmo “simprão”. Mas não é isto que o faz simples, e sim, a sua natureza, que guarda as origens como um tesouro. Por isso, não se esquece das modas de violas e as letras musicais nascidas do improviso pelo pai e o espírito solidário herdado da mãe, de quem não esquece. Eles em vida e na separação física são tão unidos que a dor da saudade o abraça sempre.

Quando criança ele tinha um sapato velho e outro mais velho, em dia de chuva a mãe pôs o menos velho na saia do fogão à lenha para secar, porque a noite ele teria que trabalhar e não poderia ir, assim, de sapatos molhados. Ao chegar da faculdade, o ‘simprão’ calçou os menos velhos, e eles estavam duros como cimento, mas mesmo assim os vestiu.

Subiu na sua bicicleta e rumou para os lados da Artur Machado, onde dava os primeiros passos na arte de moldar dentes. Porém, no meio do caminho, parou para encharcar os sapatos tornando-os macios e confortáveis, podem acreditar.

O pai era um bem humorado, daqueles que desafiam os que não acreditam que há de haver felicidade entre os simples e os despossuídos, deste que se tenha sonho e que se trabalhe em prol de sua realização. Que veja nos filhos uma extensão da vida a ser melhorada, não porque são filhos e sim porque são amados. Seu pai era um jardineiro de almas e de jardins. Conhecia todos os tipos de terras e de plantas, sabia combiná-las dando aos jardins uma coloração exuberante, com flores e arbustos os mais belos. O seu prazer era ver aqueles belos jardins e fazer de sua profissão uma arte que permitiu formar os filhos. Era o pai no trabalho no mundo e a mãe no trabalho do lar.

E assim o tempo passou, e assim se separam pela carne, permanecendo aquele gosto de saudade, de felicidade que nos deixam, às vezes, com os olhos por demais marejados, nada nos cura e nem os secam. Vira e mexe lá estão as nossas alegrias postas à porta da saudade; porta que não se fecha, porque é caminho por onde andamos. Ele e os irmãos sabem o que é passar pela dor transformando-a em compreensão de vida. Conquanto o nosso ‘simprão’ carregue a alegria do pai e a caridade da mãe, heranças que não abre mão. Depois de se formar em odontologia continuou com a prótese, afinal foi por onde ele começou a carreira. Montou o seu laboratório, se fez renomado. É um profissional completo, o artífice protético se encontra com o cientista odontólogo, numa combinação de sucessos.

O seu lado humanitário o fez voluntário há anos na SUPAM, e, nada o faz faltar às quartas-feiras, dia que trata dos dentes das crianças e adolescentes. Além do tratamento dentário, elas ouvem um pouco de suas historias e prosas e são aconselhadas. O duro no nosso amigo ‘simprão’ – Paulo Osmar Severino – é quando ele quer imitar o pai e começa a cantarolar. Então, rasgamos um sorriso de satisfação no canto da boca, afinal ele é gente boa demais e a sua companheira Claudiana o faz canário feliz e a gente fica sem jeito de contrariar.  Feliz Natal a todos os “simprões” que usam de suas histórias para o bem.

(*) professor

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