Um, dois, três, quatro...
Dentre as atividades que exerci em minha vida, uma das que mais me orgulho é o Programa Roda Gigante, que passava no canal 5 da TV Uberaba, sucessora da TV Tupi (a do indiozinho), pioneira na cidade
Dentre as atividades que exerci em minha vida, uma das que mais me orgulho é o Programa Roda Gigante, que passava no canal 5 da TV Uberaba, sucessora da TV Tupi (a do indiozinho), pioneira na cidade. O programa, que esteve no ar nas décadas de 70 e 80, foi também um pioneiro no desenvolvimento de uma verdadeira gincana educativa envolvendo crianças e adultos de Uberaba e região. Ele estava ajudando a construir a cultura deste município que me adotou.
Um fato que me mostrou estar no caminho certo tem a ver com umas das brincadeiras mais divertidas do programa, a do múltiplo de cinco. Nela, crianças e adultos diziam a sequência numérica, mas, no lugar do cinco e dos múltiplos dele, deveriam dizer “TV Uberaba”. Era um jogo que exigia concentração e velocidade. Quem errava era automaticamente eliminado.
A mescla de adultos e crianças era flagrante e, curiosamente, eram as crianças que acabavam chegando à final, numa acirrada disputa entre duas pessoas apenas. Uma olhando para a outra, numa sequência mais rápida, iam falando os números: “l, 2, 3, 4, TV Uberaba, 6, 7...”
Quando os dois concorrentes estavam muito atentos e depois de serem iniciadas duas ou três séries de numeração, ambos eram premiados. Contudo essa situação era rara.
Recebi um telefonema de uma professora, naquela época, que me contou um fato interessante ocorrido em sua classe. Ela estava ensinando os alunos, crianças menores, a contar. E solicitou a toda a turma que dissesse os números em voz alta, enquanto ela comandava a contagem: 1, 2, 3, 4... e, então, todas as crianças, como se tivessem ensaiado, em vez de falarem o número cinco, gritaram “TV Uberaba”... Pode-se perceber, com esse fato, a penetração do programa nos lares uberabenses e em cidades da região atingidas pela imagem da TV Uberaba.
Imagino que os protagonistas dessa história possam ler esta crônica e se apresentarem. Há pouco tempo, contei o caso de uma garotinha que fora mordida por um macaquinho no programa. Ao ler o texto, ela entrou em contato comigo. Foi assim que, depois de tantos anos, tive oportunidade de conversar com a Solange.
Nos dez anos em que o Roda Gigante esteve no ar, além do bom convívio com crianças e adultos que participavam das brincadeiras, pude trabalhar com uma equipe dinâmica e fazer grandes amigos. E hoje, ficam-nos, além desses amigos, tantas histórias, tantas lembranças!
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
