Um GP surpreendente

A edição 2009 do GP alemão começou diferente já na sexta-feira, com um oficial de justiça tentando confiscar os carros da Force-India. O resultado do primeiro treino também foi inesperado, já que o líder foi Mark Webber, com a nova estrela das pistas, a RB5. O líder do segundo treino, Lewis Hamilton, que em algumas provas deste ano não conseguiu nem chegar ao Q3, também causou surpresa a todos que acompanham o circo. E repetiu a dose no treino livre de sábado. As surpresas continuaram na classificação. Foi a melhor classificação dos últimos tempos que me lembro. Não faltaram emoções devido à presença da chuva. Na disputa do Q2, Rubinho deu uma mostra de seus conhecimentos aquáticos, e surpreendeu a todos ao sair com pneus Slicks, quando todos estavam com pneus intermediários. Outro que surpreendeu foi Nelsinho Piquet, que contrariou as ordens da equipe e trocou os intermediários por Slicks, conseguindo o segundo tempo no Q2. A surpresa maior ainda foi o sétimo posto na classificação que Adrian Sutil conseguiu, mesmo estando com o carro mais pesado dos top tem. Conseguir colocar uma Force-Índia entre os dez, já é uma façanha, mas em sétimo e com o carro lotado de combustível, realmente foi surpreendente.   A corrida começou com emoções logo na largada. Mark Webber, o pole, não largou bem e logo deu de lado no Barrichello e na primeira curva acertou o pneu traseiro de Hamilton, acabando com a corrida do inglês. Completou a primeira volta em segundo. Felipe Massa conseguiu uma ótima largada. Com Barrichello na frente e o segundo prestes a sofrer uma punição, parecia que enfim ia ser o dia do brasileiro, a centésima vitória perseguida desde a primeira corrida de 2009, estava prestes a se concretizar. Mal sabia ele que o final desenhado por sua equipe não era nada parecido com suas pretensões.   O primeiro fato que conspirou contra as pretensões do segundo piloto da Brawn foi a demora da organização em aplicar a punição ao Webber. O segundo foi sair dos pts e encontrar a Ferrari de Massa à sua frente, amargando umas dez voltas no ritmo do carro de Felipe, pois estava com pneus novos e pouco combustível no tanque. Esse tempo que amargou atrás da Ferrari foi o suficiente para Webber descontar a diferença que o separava do pelotão da frente. E o calvário do Rubinho continuou, sua equipe inverteu a ordem de parada de seus pilotos e depois, estranhamente, realizou um reabastecimento teatral, colocou uma mangueira e logo trocou por outra, uma manobra mal ensaiada. Sempre que o mecânico que abastece o carro nota um defeito na mangueira, ele retira a mesma e a recoloca no bocal do tanque. Mas no teatrinho da Brawn o mecânico enfiou a mangueira e após alguns segundos a retirou e fez um gesto com a mão, do tipo espera um pouquinho, e logo pegou a outra mangueira, realizando o reabastecimento. A segunda mangueira já estava na mão de outro mecânico, prontinha para ser usada. Button chegou em quinto e Rubinho em sexto. São atitudes como essas que distanciam muitos admiradores do automobilismo da F1. E digo mais, quem é torcedor do Barrichello e acha que ele vai conseguir ganhar alguma corrida neste ano pode esquecer, no que depender de sua equipe, ela demonstrou que é capaz de jogar fora um possível terceiro lugar ou quarto, para dar um quinto para o inglês. Tudo indica que o campeonato de construtores já não faz parte dos planos da equipe inglesa, e a ordem é salvar o de pilotos a favor de Button.   Como já disse algumas vezes, o maior inimigo de Barrichello é sua língua. Tanto que na Ferrari ele era proibido de falar com a imprensa logo após uma corrida, isto é, assim que descia do carro. Ontem, ele repetiu seu erro, declarou à rede Globo que se sentia roubado. Mais tarde, depois de conversar com a equipe, numa entrevista que concedeu a jornalistas, amenizou o tom. Disse que não era bem assim, e que ia analisar com mais calma. Fala o que quer e depois tem que se retratar. Um dos melhores momentos desta etapa foi a comemoração de Webber no rádio com sua equipe. Um momento puro e sem falsidade no mundo das falsidades. Felipe Massa, enfim, se reencontrou com no podium depois de uma corrida bem arquitetada e sem erros de sua parte, e, mais uma vez, seu companheiro de equipe não terminou. Rosberg e Alonso também fizeram uma boa prova. Suttil, mais uma vez, foi traído por uma atitude estúpida e desta feita a culpa foi mais sua do que Kimi. É só ele estar bem colocado numa etapa que acontece um entrevero e acaba sua corrida, com Kimi foi a segunda vez.   Na entrevista que os três primeiros colocados concedem à TV depois da prova, e a Globo não transmite, Vettel cutucou Felipe Massa por duas vezes, insinuando que ele estava ali somente devido ao botão especial que a Ferrari tem (KERS). Quando o entrevistador deu a palavra ao brasileiro, ele retrucou com um sorriso nos lábios e disse ao jovem alemã “Se você quiser trocar o botãozinho especial do meu carro por um pouco mais de aderência do seu carro, eu troco na hora”. O alemãozinho amarelou e ficou calado.         Felicidades a todos!