ARTICULISTAS

Um livro e uma velha cédula de eleição

Quando cursei o Ginasial, todo estudante tinha costume de colocar, em meio às folhas dos livros

Marconi Lima
Publicado em 29/10/2018 às 19:17Atualizado em 17/12/2022 às 14:55
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Quando cursei o Ginasial, todo estudante tinha costume de colocar, em meio às folhas dos livros, alguns papéis com anotações de tarefas ou algum cálculo específico. E, repassando as páginas de um livro meu daquele tempo, encontrei um desses, com um cálculo manuscrito de raiz quadrada.

Observando o verso do papel, pude constatar que se tratava de uma cédula para a eleição de Presidente da República. E era do então candidato Getúlio Dornelles Vargas, que acabou se saindo vitorioso naquele pleito.

Na época, a votação era em cédulas de papel. E era costume os partidos jogarem, nos corredores, janelas e alpendres das casas, muitos envelopes com cédulas de seus candidatos. Aquilo era mais que uma propaganda: o envelope era conhecido como marmita, pois o eleitor podia levá-lo à cabine de votação e, para votar, bastava-lhe retirar dele as cédulas dos candidatos pelos quais ele optasse (para Presidente, Deputados, Senadores...) e passá-las para o envelope oficial, que era, em seguida, depositado na urna.

Como eram jogados muitos envelopes em cada casa, sempre sobrava, após a eleição, um bom número de cédulas nas mãos dos eleitores. Depois das eleições, então, invariavelmente o verso delas era usado para anotações pessoais e bilhetes domésticos e, como foi o meu caso, para rascunho na escola. É possível que você, também, encontre alguma cédula como essa, se você adquirir um livro antigo em algum sebo, por exemplo.

Em alguma gavetinha especial do nosso cérebro, guardamos essas lembranças muito antigas, que vêm à tona quando se aciona algum gatilho, como foi o caso daquele papelzinho. Acabei me recordando, por exemplo, que meu livro de História era de autoria de Joaquim Silva. E o de Geografia, de Haroldo Azevedo. Esses nomes ficaram bem gravados, pois os livros desses autores eram adotados, anos a fio, da primeira à quarta série do curso Ginasial. Comprei muitos livros de segunda mão, pois, diferentemente do que acontece hoje, de um ano para o outro eram raras as mudanças nos livros.

O fato de eu encontrar a cédula me fez relembrar também as eleições um pouco menos antigas em que o voto era no papel. Em muitas delas, durante anos seguidos, fui presidente de banca de apuração. Trabalho penoso? Que nada! Bastante divertido, apesar de muito demorado. Guardo boas histórias desse período.

Dizem que as urnas eletrônicas são seguras. Porém, não poucos eleitores, bem como candidatos que se acham injustiçados com os resultados das urnas, ficam incomodados com a possibilidade de fraudes. Há alguma pressão do povo para a volta do voto no papel (como ainda acontece nos outros países do mundo), mesmo que ele seja apenas a impressão do voto eletrônico.

Lembranças à parte, agora já conhecemos o Presidente eleito, que tomará posse em primeiro de janeiro de 2019. Esperamos que Bolsonaro governe com honestidade e com visão de estadista, garantindo ordem e progresso ao nosso país.

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