ARTICULISTAS

Um milionário compra uma praça

Ana Salvador
Publicado em 17/05/2022 às 19:48Atualizado em 18/12/2022 às 22:32
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De tempos em tempos, algum assunto em particular concentra as atenções gerais e aumenta a sensibilização para esse determinado tema. Podem ser eventos planejados, como uma Olimpíada ou Copa do Mundo. Ou podem ser situações orgânicas, em que algo chama a atenção e, de repente, todo mundo tem uma opinião firmíssima, e isso acontece desde criancinha.

O que aprendemos a partir do momento em que a internet democratizou o acesso e a divulgação da informação é que muitos desses eventos “espontâneos”, na verdade, eram bem arquitetados esquemas de formação de opinião. Levantar um conjunto de informações muito bem selecionado, deixando de mencionar inconveniências e repetindo slogans chamativos, até parecia notícia imparcial.

Infelizmente, para alguns, felizmente, para a maioria, hoje em dia, os inconvenientes têm voz e se manifestam. Calá-los para manter a narrativa vai se tornando mais e mais difícil e, como tal, exige medidas progressivamente mais explícitas. Não querem chamar de censura, mas é.

É totalmente verdade que a internet deu voz aos imbecis. Também deu voz aos sensatos, aos sábios, aos iludidos, aos gênios e ao povo em geral. Querendo ou não, opiniões ao longo de todo o espectro de qualquer assunto estão disponíveis, cabendo a quem lê fazer o melhor juízo possível.

Serão todos razoáveis? Seguramente, não. Cabe restringir informação “prejudicial”? Não, mesmo. Mais que nunca, vale o ditad o melhor desinfetante é o sol. É trazer à luz tudo e mais alguma coisa, de forma que aquela informação baralhada, equivocada, omissa ou mal-intencionada seja confrontada por todos os lados com dados melhores. Não será com menos que venceremos a desinformação, mas com mais.

Neste momento, a maior praça virtual de troca de ideias está debaixo de lupa. Um empresário riquíssimo está em processo de compra do Twitter e fez uma proposta muito razoável: livrar-se dos perfis falsos e deixar que os usuários reais se digladiem à vontade, no terreno das ideias. Quem pode ser contra?

Vai ficando claro quem: aqueles que navegavam na onda da manipulação e não conseguem abrir mão do controle.

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