A idade é uma coisa terrível. Os velhos tornam-se críticos dos novos e dos novos tempos, sempre com a frase já carimbada: ah, se fosse no meu tempo... ou no meu tempo era diferente... etc e tal. Pois é, meus amigos, aqui estou eu com a certeza de estar velho e escrever que tudo está diferente.
Não vou falar dos costumes, amores ou as coisas que nós idosos consideramos safadezas da mocidade e destes novos tempos. Afinal aí estão as novelas, o cinema e as festas desta nossa época, um livro aberto para vocês todos. O livro que me faz apartear e escrever é bem outro – e é coisa séria, que eu gostaria de não denunciar. Os idosos (detesto que me considerem “velho”) passaram por muitas experiências, e às vezes, têm alguma coisa que devem contar.
Nem sempre são ouvidos, lidos ou levados a sério – mas lá por dentro eles, (e eu no meio...) se aliviam e ficam livres de algum remorso silencioso. Desculpem-me: esta introdução está parecendo os acordes iniciais do hino nacional, ou seja, nada tem a ver com a letra. Vou entrar de sola no que quero denunciar.
Aliás, é preciso considerar que estou lúcido sobre este assunto, de início pelos anos de experiência, de atual porque ele hoje é o tema do nosso de manhã até de noite. Os mais espertos já sabem do assunto, que confirm a nossa política e a eleição deste novo presidente. Calma, meu amigo, esqueça que não vou declarar voto ou tomar posição.
Como sempre serei simples, vou direto naquilo que me parece importante e chocante: em minha longa vida nunca assisti ou participei de uma campanha política tão vazia e tão inútil quanto esta. Não é pela falta dos comícios tradicionais, despertadores do conhecimento e das posições de seus candidatos – eles podem e foram substituídos pela imprensa polimorfa e abundante. Conhecemos assim os candidatos e seus partidos, mas só e apenas isto.
O que vasa e nos informam são posições pessoais, simpatias, antipatias, ódios e amores com a única e absoluta intençã ganhar votos. Vejo o ridículo das interacusações, baseados não mais num programa de partido e governo, mas apenas em denunciar que o oponente é mau caráter e eu sou o bonzinho.
Não existe preocupação com o povo, as necessidades dele e do nosso país, o que é preciso corrigir ou aquilo que deu certo e precisa melhorar. O pensamento dominante é que vai merecer voto e vitória aquele que tem menos defeitos cívicos, religiosos, populares e programáticos.
Qualidades? Besteira, o nosso eleitor não vai ter tempo de conhecê-las, apontar defeitos (verdadeiros ou inventados) é bem mais fácil e sem tempo para corrigir ou desmentir. Ou seja, no meu olhar crítico e experiente: ô campanha ridícula esta, onde somente defeitos e podridões individuais fazem a rodovia desta infeliz política. O Brasil merecia coisa melhor.
(*) médico e pecuarista