ARTICULISTAS

Uma doença da moda

Os anos passam inexoravelmente. Ficar velho é o destino

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 26/02/2014 às 19:57Atualizado em 19/12/2022 às 08:51
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Os anos passam inexoravelmente. Ficar velho é o destino dos humanos que têm sorte, porque morrer cedo e jovem significa falta de sorte, este ser deixou de aprender, aproveitar e até maravilhar-se com as descobertas da longa vida. Pessoalmente, em chegando aos 84 anos, sinto-me um homem sortudo, privilegiado por Deus. Vi, participei de uma idade longa, acompanhei muitas vidas humanas, de gente minha, de clientes da medicina, de amigos e companheiros. Assisti casos impressionantes de longevidade, meu vaqueiro Orides, com 105 anos, ainda conhecendo filhos e assistindo televisão... nesta última, com feliz ignorância. Os números não mentem: a medicina, seus recursos e conhecimentos aumentaram a idade dos humanos (e até dos não humanos...) de maneira impressionante. Entretanto, como devia acontecer e aconteceu, a macroidade vem acompanhada de doenças e situações que eram raras na juventude. Para começar, nos seres humanos apareceram estados físicos e psicológicos que eram raros, e agora vão se tornando abundantes e frequentes. Um desses estados incide, sobretudo, na face mais nobre e sensível do ser human o funcionamento do cérebro. Uma quantidade enorme de seres vai apresentando estados mentais de desorganização e degeneração de suas funções cerebrais, recebendo por isso uma nova doença, com o nome genérico “mal de Alzheimer”. Os estudos da moderna neuropsicologia buscam seu diagnóstico precoce e, ainda, sem sucesso definitivo e sem tratament preventivo? Curativo? Como médico idoso, estou aí na marca do pênalti. Em qualquer deslize a opinião da arquibancada dá seu veredito. Quem gosta de mim tolera eventuais derrapadas próprias da idade, me ajudam e perdoam. Já os que não gostam vão logo ao fundo do poço, aumentam e inventam – versões pessoais que eliminam ou excluem o ser vítima da nobre classe dos humanos. O diagnóstico de Alzheimer é perigoso, sobretudo para os idosos que podem atrapalhar a vida alheia ou familiar. Quanto maior o paciente, maior o seu risco no poder, nas disputas políticas ou financeiras... e na vida familiar. O tratamento médico peleja, luta, inventa textos e medicamentos, mas ainda patina na ignorância do conhecimento e da solução. Esta posição é horrível, sobretudo para o Alzheimer que incomoda, que tem dinheiro, é poderoso, ou enfrenta a energia ambiciosa dos jovens disputantes. O tratamento ainda busca sem sucesso a solução confirmada – que ainda não foi descoberta. Até lá irão prosperar tratamentos variáveis e em muitos casos um interesse muito human este cara já viveu muito, vamos desmoralizá-lo e tirá-lo do campo!... Alzheimer será um diagnóstico médico especializado... ou uma peça para tumultuar as vidas, amores, interesses materiais... e a final convivência familiar e social?...

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