Dias atrás foi divulgada uma eleição realizada por uma grande revista da terra da rainha, entre 217 pilotos da F1, que elegeram Senna como o maior de todos os tempos. Até aí, é aceitável. Mas também cotaram Alonso na frente de Emerson Fittipaldi e de Nelson Piquet. Aí foi dolorido, um caso para pensar: quem nessa turma que elegeu, venceu sua primeira corrida de F1, na quarta prova em que disputou, como fez o bom e eficaz EMERSON? Ninguém, e pensar que esqueceram gente de grande quilate. Exempl Juan Manuel Fangio, que disputou 51GPS e venceu 24, uma média de quase cinquenta por cento. Algo insuperável! E numa época em que os carros não possuíam qualquer efeito aerodinâmico e com pneus da largura de quatro dedos e onde os pilotos usavam como capacetes, artefatos de couro. Fangio obteve apenas um terceiro posto na lista, atrás do alemão. Fangio para mim tem valor por que ganhou o campeonato de 1957 com um carro bem inferior aos demais concorrentes da época. Essa eleição deve ter sido realizada com gente de memória curta. Na verdade, pela evolução dos carros e por mudanças de regulamentos não é aceitável apontar um piloto apenas como o melhor de todos. Pois cada época ou década teve o seu grande piloto. Nos anos cinquenta ninguém podia com Fangio. Na década de 60, o grande foi Jim Clark, um mestre no volante e realmente o “mais mais”, em quem Senna se inspirou, pois sua grande dádiva era abrir dos demais pilotos no início da prova, com o carro com pneus frios e tanque cheio, e que Airton aprendeu depois de muita dedicação. Nesse entremeio dos anos cinquenta e sessenta, Jack Brabham foi tri campeão e Stewart ganhou seu primeiro título no último ano dessa maravilhosa década. Também vimos G. Hill triunfar. Mais o grande dos anos sessenta foi Clarck. E quem o viu correr sabe bem disso! A década de 70 começou com o primeiro campeão póstumo, J. Rindt, e com o jovem Emerson, vencendo sua primeira prova no ano de estréia, aos 24 anos. Um recorde que durou vários anos, e dois campeonatos de Stewart. Emerson abandonou as grandes equipes para alavancar um projeto brasileiro na F1, o Fitti 001 ou Coopersucar, como ficou mais conhecido, seu grande erro como piloto e ato louvável como brasileiro. Se bem que a tônica era mais empresarial do que patriota... Até o início dessa década era normal vermos pilotos morrerem carbonizados dentro de seus carros. Até que a Good Year, fabricante de pneus, trouxe uma solução usada nos tanques dos helicópteros que lutaram no Vietnam. Também surgiu o grande Nike Lauda. No início da década de 80 os grandes foram Piquet e Prost. Dando a entender que Prost era um piloto sem sorte devido às artimanhas que Piquet armava. Mas depois de 1995 a sorte mudou. E o início de Senna, eleito o melhor de todos os tempos. Senna foi o mais dedicado piloto de todos os tempos. E essa obstinação obrigou os pilotos que surgiram depois dele a seguir seu estilo de dedicação total. Pois, quando todos saiam da pista e iam para o hotel ou para festas, Senna ficava na pista com seus engenheiros estudando uma maneira de melhorar sua performance para o dia seguinte. Essa década também foi marcada pelo início de uma mania que existe até hoje, a de uma equipe investir mais que as outras e conseguir fazer um carro acima dos demais, no caso a McLaren Porsche, e dominar algumas temporadas, exemplo 1994 e 1995, eram carros inatingíveis. E 1996, o carro imbatível era a Williams, mas o campeão foi Prost com a McLaren, já não tão competitiva. E pensar que nessa eleição Piquet foi apenas 13º e Mansell em 11º, ganhou somente quando tinha um carro muito superior. Piquet foi capaz de ganhar seu último campeonato correndo contra o bairrismo da equipe e mesmo assim triunfou e ainda no ano de seu pior acidente na F1, na mesma curva que vitimou Senna. A década de 90 foi iniciada pelo domínio de Senna e marcada pela sua morte. O que ocasionou uma debandada de público de F1 em nosso país. E ai surgiu o maior vencedor de todos os tempos. Schumacher foi o grande nome depois de Senna. Mais venceu sem convencer, tanto que mesmo tendo sete títulos e mesmo eleito por gente sem memória, ainda foi segundo na eleição. Como disse antes, essa eleição foi das mais estranhas, fora a posição de Ayrton Senna. Veja os 13 primeiros: 1º Senna, 2º Schumacher, 3º Fangio, 4º Prost, 5º Clark, 6º Stewart, 7º Lauda, 8º Moss, 9º Alonso, 10º Gilles Villeneuve, 11º Mansell, 12º Emerson e 13º Piquet. Tem ou não tem muitas posições fora de lógica nessa tabela? S. Moss para quem não sabe, foi um inglês eterno vice, nos anos cinquenta e início de sessenta, sempre no lugar e hora errados. Isso nos lembra alguém da história recente na F1 e é um brasileiro e nem por isso foi bem classificado na eleição. Porém, Moss foi mais piloto que os campeões de 58, 76 e 2009. Mas, como nosso compatriota, nunca conseguiu um título.