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Uma eleição contraditória

Dias atrás foi divulgada uma eleição realizada por uma grande revista da terra da rainha, entre 217 pilotos da F1, que elegeram Senna...

Reginaldo Baleia Leite
Publicado em 23/12/2009 às 22:46Atualizado em 20/12/2022 às 08:51
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Dias atrás foi divulgada uma eleição realizada por uma grande revista da terra da rainha, entre 217 pilotos da F1, que elegeram Senna como o maior de todos os tempos. Até aí, é aceitável. Mas também cotaram Alonso na frente de Emerson Fittipaldi e de Nelson Piquet. Aí foi dolorido, um caso para pensar: quem nessa turma que elegeu, venceu sua primeira corrida de F1, na quarta prova em que disputou, como fez o bom e eficaz EMERSON? Ninguém, e pensar que esqueceram gente de grande quilate. Exempl Juan Manuel Fangio, que disputou 51GPS e venceu 24, uma média de quase cinquenta por cento. Algo insuperável! E numa época em que os carros não possuíam qualquer efeito aerodinâmico e com pneus da largura de quatro dedos e onde os pilotos usavam como capacetes, artefatos de couro. Fangio obteve apenas um terceiro posto na lista, atrás do alemão. Fangio para mim tem valor por que ganhou o campeonato de 1957 com um carro bem inferior aos demais concorrentes da época. Essa eleição deve ter sido realizada com gente de memória curta. Na verdade, pela evolução dos carros e por mudanças de regulamentos não é aceitável apontar um piloto apenas como o melhor de todos. Pois cada época ou década teve o seu grande piloto.   Nos anos cinquenta ninguém podia com Fangio. Na década de 60, o grande foi Jim Clark, um mestre no volante e realmente o “mais mais”, em quem Senna se inspirou, pois sua grande dádiva era abrir dos demais pilotos no início da prova, com o carro com pneus frios e tanque cheio, e que Airton aprendeu depois de muita dedicação. Nesse entremeio dos anos cinquenta e sessenta, Jack Brabham foi tri campeão e Stewart ganhou seu primeiro título no último ano dessa maravilhosa década. Também vimos G. Hill triunfar. Mais o grande dos anos sessenta foi Clarck. E quem o viu correr sabe bem disso! A década de 70 começou com o primeiro campeão póstumo, J. Rindt, e com o jovem Emerson, vencendo sua primeira prova no ano de estréia, aos 24 anos. Um recorde que durou vários anos, e dois campeonatos de Stewart. Emerson abandonou as grandes equipes para alavancar um projeto brasileiro na F1, o Fitti 001 ou Coopersucar, como ficou mais conhecido, seu grande erro como piloto e ato louvável como brasileiro. Se bem que a tônica era mais empresarial do que patriota... Até o início dessa década era normal vermos pilotos morrerem carbonizados dentro de seus carros. Até que a Good Year, fabricante de pneus, trouxe uma solução usada nos tanques dos helicópteros que lutaram no Vietnam. Também surgiu o grande Nike Lauda.   No início da década de 80 os grandes foram Piquet e Prost. Dando a entender que Prost era um piloto sem sorte devido às artimanhas que Piquet armava. Mas depois de 1995 a sorte mudou. E o início de Senna, eleito o melhor de todos os tempos. Senna foi o mais dedicado piloto de todos os tempos. E essa obstinação obrigou os pilotos que surgiram depois dele a seguir seu estilo de dedicação total. Pois, quando todos saiam da pista e iam para o hotel ou para festas, Senna ficava na pista com seus engenheiros estudando uma maneira de melhorar sua performance para o dia seguinte.   Essa década também foi marcada pelo início de uma mania que existe até hoje, a de uma equipe investir mais que as outras e conseguir fazer um carro acima dos demais, no caso a McLaren Porsche, e dominar algumas temporadas, exemplo 1994 e 1995, eram carros inatingíveis. E 1996, o carro imbatível era a Williams, mas o campeão foi Prost com a McLaren, já não tão competitiva. E pensar que nessa eleição Piquet foi apenas 13º e Mansell em 11º, ganhou somente quando tinha um carro muito superior. Piquet foi capaz de ganhar seu último campeonato correndo contra o bairrismo da equipe e mesmo assim triunfou e ainda no ano de seu pior acidente na F1, na mesma curva que vitimou Senna. A década de 90 foi iniciada pelo domínio de Senna e marcada pela sua morte. O que ocasionou uma debandada de público de F1 em nosso país. E ai surgiu o maior vencedor de todos os tempos. Schumacher foi o grande nome depois de Senna. Mais venceu sem convencer, tanto que mesmo tendo sete títulos e mesmo eleito por gente sem memória, ainda foi segundo na eleição. Como disse antes, essa eleição foi das mais estranhas, fora a posição de Ayrton Senna.   Veja os 13 primeiros: 1º Senna, 2º Schumacher, 3º Fangio, 4º Prost, 5º Clark, 6º Stewart, 7º Lauda, 8º Moss, 9º Alonso, 10º Gilles Villeneuve, 11º Mansell, 12º Emerson e 13º Piquet. Tem ou não tem muitas posições fora de lógica nessa tabela? S. Moss para quem não sabe, foi um inglês eterno vice, nos anos cinquenta e início de sessenta, sempre no lugar e hora errados. Isso nos lembra alguém da história recente na F1 e é um brasileiro e nem por isso foi bem classificado na eleição. Porém, Moss foi mais piloto que os campeões de 58, 76 e 2009. Mas, como nosso compatriota, nunca conseguiu um título.

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