(Grande verdade com poucas palavras)
Quando assumi a ministração da disciplina da Dentística Restauradora, logo me foi dado a perceber, que para despertar a atenção dos alunos, não bastava uma didática burilada. Seria preciso de outros recursos diferentes daquela comum apresentação de slides. O que seria? Depois de muito pensar, me veio à mente, ir a Ribeirão Preto (S.P), e dar uma chegada a uma casa especializada em aparelhos destinados à atividade do ensino. Fiz isso. Em lá chegando, fui atendido por uma criatura japonesa, de uma delicadeza dificilmente encontrada. Hoje essa criatura é falecida. Era o senhor Tony Miazaka. Exposta a razão, não se tardou em mostrar-me o que de mais atual possuía em sua loja. Eram dois projetores ligados ao (Dissolve), aparelho que fazia aqueles projetores funcionarem ora um, ora outro. Uma beleza as passagens vagarosas de um projetor para o outro projetor, cada qual buscando a focagem de cada slide. Tudo era comandado por um gravador, onde estava a gravação do texto, que eu mesmo a fazia. Durante a gravação, para a locação dos slides, bastava apertar em um botão em outro aparelho denominado (Bipador). Acionado, o bipador marcava na fita gravada, o local do slide pretendido. Exemplificand O menino como você está vendo, apertava-se o botão do Bipador que marcava o local do slide. Em funcionamento, quando a fita gravada passava pelo Bipador, o projetor era automaticamente acionado, aparecendo na tela o slide do menino. O menino apanha a bola. Clicava-se no botão do bipador. Aparecia na tela, o slide do menino apanhando a bola. Joga a bola para cima. Clicando novamente, aparecia o slide do menino jogando a bola para cima. Assim, sucessivamente, os slides iam aparecendo no decorrer da gravação do texto. Na realidade, um protótipo da cinematografia em seus primórdios. Um sistema simples, porém, segurando os alunos numa atenção que outros convencionais métodos não os seguravam. Durante a gravação, ouvia-se baixinho, um fundo musical criteriosamente escolhido, o que me obrigou à compra de vários discos. Para completar, esse conjunto de aparelhos, ficava ligado a várias caixas acústicas que eu montava na hora, em pontos diversos na sala de aula. O tempo se passou. Por razões não carecendo de detalhes, deixei as aulas e passei a fazer parte em funções administrativas. Toda aquela aparelhagem foi vendida para a própria Faculdade. Tempo depois, voltando a Ribeirão, fui visitar o amigo Tony. Depois de encantadora recepção, fomos almoçar juntos. Durante o almoço, nossa conversa seguia rumos diversos. Como eu admitia ser aquela aparelhagem um “Tesouro, uma das sete maravilhas do mundo”, em um momento da prosa silenciada, falei: Tony, se ainda eu tivesse aquela belíssima aparelhagem que comprei de você... ele, com simpático sorriso e com a mão levemente segurando em meu braço, foi me atalhando e me dizend “O senhor professor, teria hoje, Uma Porção de Coisas Velhas”. Rimos a valer. De fato, ante o progresso que não se estaciona, muitas coisas de ontem, formam hoje, “Uma Porção de Coisas Velhas”.
(*) Professor “Emérito” da Faculdade de Odonto; Ex-Vice-Diretor Geral das Faculdades Integradas de Uberaba (FIUBE) - portaria 5/76