Unhas? Que unhas? Eu, pelo menos, não as tenho mais... e tudo culpa desse tal de futebol! Ôh trem doido! Como é que pode a gente se apaixonar e amar tanto um time de futebol? Aff!... Mas é bom, não é? Eu tava procurando saber o que é isso e cheguei a várias conclusões. Aliás, penso que não cheguei a nenhuma, partindo do pressuposto que o amor que sentimos pelos nossos clubes de coração não tem uma explicação lógica ou racional. Apenas amamos, vibramos, sofremos e até brigamos por ele. No dicionário, esse prazer que se sente com o próprio sofrimento é chamado de masoquismo. Então, somos masoquistas. Adoramos sofrer pelo nosso time, mesmo sabendo que, no fundo, no fundo, isso é uma grande estultice. Os corintianos são um bom e belo exemplo do que estou falando. Esse bando de loucos, como é apelidada a fiel torcida do Timão, não mede esforços para apoiar seu time de coração. Eles choram, se emocionam e acabam contagiando quem os vê. Agora, que Ronaldo está em boa forma, com alguns quilinhos a menos e dez gols a mais na carreira, em 13 jogos disputados pelo alvinegro, eles não têm sofrido tanto, mas ainda assim se deixam emocionar bastante. E os flamenguistas? Ah, flamenguistas! Uma nação. Sem dúvida, a maior torcida do país, ainda que esteja quase sendo alcançada pela do Corinthians. Eles também são loucos, pelo Flamengo, é claro. Mas são loucos. Domingo, na decisão do Campeonato Carioca – para mim, a única decisão de peso de domingo, uma vez que o Paulista e o Mineiro já haviam sido decididos no primeiro jogo da final –, eles lotaram o Maior do Mundo. Sacudiram o Maracanã e empurraram o time para o tricampeonato. De quebra, o Mengo assumiu o posto de maior campeão estadual. Em Uberaba, eu vi rubro-negro sorrindo de orelha a orelha ao final do primeiro tempo, já que o time vencia por 2 a 0. Porém, vi os mesmos rubro-negros com os olhos úmidos d’água quando o Fogão empatou tudo e a decisão foi para os pênaltis. “Não é possível!”, diziam, lamentando-se. Mas, no final, tudo deu certo para o Flamengo e os flamenguistas. Aliás, é por ser tão imprevisível que o futebol encanta. Torcer tem ritual e todo mundo segue o seu. A cueca, meia ou camisa da sorte tem de estar limpinha no dia de jogo. O lugar no sofá, na cadeira ou na arquibancada deve sempre ser o mesmo para evitar surpresas desagradáveis. E com toda essa mandinga ainda se sofre, até porque, como canta Roberto Frejat, “sem uma história de ilusão, a vida não teria graça...” Por isso, mesmo sabendo que tanto é possível acontecer a derrota quanto a vitória, nós nos iludimos com a crença de que o nosso time é invencível. Quando perdemos, é azar, erro do juiz, ou porque o goleiro levou frango ou nosso time amoleceu, uma vez que já estamos cansados de ganhar aquele campeonato. “Nosso negócio, agora, é ganhar a Libertadores”, diziam os são-paulinos, após a eliminação para o Corinthians, na semifinal do Paulista. Certos estão eles, porque pior do que a derrota é não ter uma explicação razoável para dar aos corneteiros de plantão. Sofrendo, ganhando, perdendo, chorando, com chuva ou sol, o torcedor sempre está lá. E é com esse torcedor que o Uberaba Sport deseja contar em sua próxima Cruzada: a disputa da Série D do Brasileiro, na qual o time estreia no dia 5 de julho, contra o Ituano, lá em Itu, famosa no país pela brincadeira que faz com o tamanho das coisas naturais daquela cidade, onde tudo é grande. Sendo assim, esperamos que grande também seja o futebol do colorado, para conseguir a tão sonhada vaga na Terceira Divisão Nacional. Parece pouco sonhar com a Série C, mas torcedor que é torcedor sabe que, para se chegar ao topo, é preciso começar de baixo. Boa torcida a todos!
