Periodicamente eu me lembro do dr. Randolfo Borges, que conosco trabalhou no São José por uns trinta anos. Além da competência profissional, Randolfo tinha uma experiência da vida de várias gerações e famílias desta nossa região, seus hábitos e costumes – e eu me lembro deles, aproveitando muita coisa que ponho nestas crônicas. Nem sei por que, mas hoje acordei com um início da moda de viola, cantada por um repentista idoso chamado a cantar primeiro. O bom velho (Manezinho Rodrigues) puxou uma quadra do dia: “Já fiz a viola cantar... Da boca inté nas craveia! Hoje num faço mais... Porque meu sentido vareia!” Pensei um pouco, vendo os novos tempos... E a minha idade. E resolvi cantar nesta crônica alguma coisa dos tempos que vivi, e do hoje que não gosto de viver. De início, os dias de hoje esqueceram ou enterraram o passado. Lembrarei alguma coisa para quadra sinistra dos tempos que vamos passando. De mais importante sobrevive uma comparação muito triste: o hoje não tem nada a ver com o passado. Não vou ficar na baboseira que a mocidade acusa e despreza – mas vou levantar um pouco o pano do teatro da vida atual. No mais simples: o respeito, a educação e costumes estão enterrados. Qual o filho (ou filha...) consulta a historia daquele passado? Só pra chatear, qual o garotão tatuado ou a mocinha periguete dá ouvido ou pede opinião dos pais ou dos mais velhos? A família perdeu valor, não é escutada a não ser para ouvir a resposta: ah, pai (ou mãe...), sai dessa, isto já era, nós temos que viver a nossa vida! Bem, não vou me meter nos costumes, porém me assusto com o valor da sexualidade precoce, total e sem restrições. A garotada se garante com os anticoncepcionais – e o resto é resto. Aquele amor antigo, lento, respeitoso, progressivo – está enterrado em cova pública. O desfazimento dos casais não é mais pelas lutas domésticas: a facilidade e curiosidade ocuparam seu lugar. Acontece que aquela educação clássica, de moral e até religião não conta ponto. O prazer é o primeiro mandamento. Entretanto, e vou cantando a quadra final: os incríveis novos tempos. Não são comentários ou observações pessoais. O que aparece diariamente nos órgãos da nossa imprensa? Para mim, são os resultados desta nova e desregrada vida. Eles estão todos os dias em toda a imprensa, do Brasil ou mundial. Que tal, meu amigo, aquele americano que sequestrou, aprisionou e violentou três mulheres tantos anos? O Brasil não fica atrás, os crimes são parecidos – você se lembra daquela loira rica lá de São Paulo, que matou o marido, esquartejou seus membros e jogou os pedaços em lugares diferentes? Bem, não vou apresentar casos abundantes, apenas relembrar minha doença crônica e alérgica às drogas, que estão na base da nossa criminologia – e nenhum governo tem coragem de enfrentar. Que tal, meu leitor, aquele “campo de concentração” cercado num interior do Acre, Amazonas, Mato Grosso. Longe de tudo e todos, seus internados poderiam ser educados. Aqui, em nossas cadeias, vão tirando PHD comunitário... Brasília nos lê ou conhece? Não, dona Dilma está tirando petróleo no fundo do mar!